quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Holanda (Holland Netherlands) - Amsterdam (Parte III)

                                                            A cidade das missões




Acordei já no clima de um dos dias mais loucos da viagem com um: "Montinhooooooo!!!!"
Dessa vez o trem teve destino certo! UHUL!
Elena e Yulya chegaram com a corda toda! Que energia aquelas duas tinham! Às vezes eu pedia arrego. Não dava para companhar!

Elas já bagunçando o quarto, Iaroslav já rindo da minha cara amassada quando lembrei que Elena era Russa e comentei com ele(que era ucraniano) e acabei descobridno que Yulya também era ucraniana. E aí pronto, viraram melhores amigos em 5 minutos e começaram em um tal de falar russo e eu me fuerrei. Não entendia lhufas. E sempre que eles queriam me zoar me zoavam em russo e eu só conseguia a tradução depois de muita insistência ou depois de negociar barras de chocolate ou biscoitos(que era como ouro em Amsterdam, já que todos estavam sempre de larica). Eles se aproveitaram, os viadinhos!

- Dia bom, bom dia! Vamos pra rua! Cogumelos!! Acorda! Uhul! Estamos em Amsterdam! Cogumelos!

Fomos atrás dos tais cogumelos..
Coffee Shop? Não Não não!!!! Parecia até insulto quando perguntávamos se vendiam cogumelos nos coffee shops. Eles respondiam secos "No! No! No! Smart Shop! Not Coffee Shop!"  "Nossa, desculpa, moço!" Devia ser a concorrência.

Ok Ok, desculpa. Fomos então atrás das tais Smart Shops e depois andando descobrimos que os cogumelos vendiam em lojas de souvenir, do lado dos chaveiros e cartões-postais em uma caixinha toda bonitinha(que eu guardei até hoje) e embalados a vácuo. Mega industrialização. Que louco, né? Fiquei mais tranquila porque significava que matar ele não matava(pelo menos não em uma vez para experimentar). E eu ia experimentar com certeza! A... vai...onde mais eu ia ver isso na vida?!

Desejo da Elena saciado, cogumelos comprados. Não, não.. não apenas cogumelos. Ainda tivemos que ir no "nem fraco nem muito forte" e nos deram a dica dos Mexicans! Uuu...

Agora o debate era se comíamos naquela hora, ou esperávamos, se comíamos, se esperávamos, se se a gente comesse íamos ficar tão doidos que não íamos conseguir fazer mais nada.. Bom.. eu decidi não comer na rua. Vai que era mais forte do que imaginávamos?!

Ok. Agora era a vez dos meus desejos: Museu da Anne Frank. Eu vi o filme quando era muito nova e foi tão marcante que lembro das cenas até hoje como se as tivesse visto ontem. Precisava ver com meus próprios olhos. Masss... fiquei na vontade. Era preciso reservar com meses de antecedência ou enfrentar uma fila de hoooras que dava voltas nos quarteirões(Porque... adivinha? O museu também era expremidinho, claro, era a casa onde ela ficou escondida). Minha visita ao museu ficou na calçada onde eu tentava espionar qualquer coisa lá dentro bem frustrada. Nessa hora eu me arrependi de não ser como meus pais que já saem do Brasil com tudo reservado.. Anne Frank ficou para minha imaginação, até hoje. Vai ficar para a próxima. Eu poderia falar que me contive coma  estátua dela na esquina, mas achei tão pequenininha e sem graça que não dá para mentir.
Iaroslav, Elena, eu ,Yulya, e a fachada da Anne Frank

Bem.. não tínhamos horas sobrando já que partiríamos para Bruxelas no dia seguinte, então.. abrimos o mapa e pensamos bem em quais opções escolher.. eram muitas. As meninas queriam ir no museu de cera e eu não iria nem a pau. Não acho a menor graça pagar 35 euros para ver um monte de cera com formato de gente famosa. Eu queria de qualquer jeito ir no Museu do Van Gogh e era o mesmo preço!

Ao contrário do que muitos pensam, eu não sou fã de museu. No museu D`Orsay em Paris, talvez por falta de planejamento de visita, ou por falta de guia,  deu 2 horas e eu já estava querendo sair correndo. Não por não amar pinturas.. (aliás as quatro horas que passei foram no terceiro andar no surrealismo que me encanta), mas porque eu gostava mais de apreciar as obras das quais eu já tinha ouvido falar dos artistas, das suas histórias e realmente na Europa eu vi que tenho uma grande falha nesse quesito. Vi muitas obras de arte lindas por toda a Europa, mas sei que não as guardei na minha memória.. eu não conhecia uma história por trás de muitas delas.. e isso me fez voltar pro Brasil até com vontade de estudar Belas Artes(mas já desisti, para a tranquilidade dos meus pais).

Museu da Cera, Museu do Van Gogh, Cera, Van Gogh, até que resolvi o problema. Eu decidi Van Gogh e elas ficaram com o da cera. Mas e Iaroslav? Por elas serem lindas russas/ucranianas e poderem botar o russo em dia eu achei que ele fosse com elas e eu iria ter que ir sozinha mesmo pro Van Gogh. Não que seria novidade ir sozinha, mas sabe-se lá o que viria a frente na viagem, quantos momentos eu ainda passaria sozinha em sei lá quais países mais... seria legal ter companhia sempre que desse. Mas para minha surpresa, ele foi comigo. E foi ótimo! Realmente companhia certa muda tudo.

Primeiro porque ele tinha um senso de direção absurdo para quem estava lá faziam apenas 3 dias. Sabia sempre para onde devíamos ir, onde virar, atravessar, qual canal seguir sem mapa algum! Encontramos duas alemães que precisavam comprar botas por causa do frio e em dois segundos ele explicou aonde estavam as 3 melhores lojas para elas. Eu ficava chocada porque não conseguiria isso nem em um mês naquela cidade!
E o senso de humor que mesmo chovendo com um puta frio me fazia andar gargalhando por toda Amsterdam. E sempre quando dava na telha ele iniciava as mais interessantes discussões com aquele toque engraçado. Como ele conseguia eu não sei, mas era incrível.


Estavámos assistindo ao filme que resumia a vida de Van Gogh no primeiro andar do museu quando as mensagens começaram

- Aonde vocês estão? Não resistimos e comemos os cogumelos!
- Oh my Gosh! E aí... Já estão mordendo alguém pela rua?!
- Hummm Não... ainda não!

E gargalhávamos imaginando as meninas loucas dentro do museu de cera e ninguém a nossa volta entendia o que tinha de tão engraçado na vida sofrida de Van Gogh.


Amei o museu. É gostoso ir no museu com uma boa companhia. O Iaroslav acabou se tornando a companhia perfeita. Me deixava sozinha quando eu queria, e sem querer sempre me encontrava quando o andar estava ficando cansativo e chegava sempre com uma piada ou sacaneando alguém e me fazia rir e saía para me dar meus espaço. Eu descontraía, e tudo voltava a ficar muito interessante de novo.

Eu não queria perder nenhum detalhe e acho que ele percebeu isso e respeitou. Não gosto de quem vai ao museu para ficar conversando, eu não vou muito, mas quando vou, me entrego de corpo e alma. Desligo o botão e entro no mundo de cada quadro ou foto na minha frente.


 Fiquei louca com a maioria das pinturas e eu adorava o fato de Van Gogh não dar nomes mirabolantes aos quadros! "Jarro de flores", "buquê de flores", "rostos", "frutas na mesa", auto-retrato", e por aí ia. Sua arte era tão espontânea e de coração que ele parecia simplesmente não se importar com títulos nem nada e só colocar nome nos quadros porque a galeria ou produtor cultural exigia.





"- Bote qualquer nome, oras!"
Consigo imaginar alguém dizendo a ele, e Van Gogh, com sua cara entendiada escrever no meu quadro favorito "Buquê de Flores" e dizer: "- Pronto, aí está o raio do nome!" e sair resmungando.


O que importa é o que vemos, afinal. Às vezes, para mim, o nome estraga o quadro, a foto, estraga muita coisa porque não deixa nossa imaginação fluir livremente. E isso eu amei no Van Gogh. Vislumbrava as cores fortes e os girassóis... ah, os girassóis! Que lindos. Tão reais que eu conseguia até fechar os olhos e sentir o cheirinho deles.



Pensava em tudo isso e imaginava tudo enquanto ia passando de quadro para o seguinte. A fase escura da sua vida, a fase iluminada, tudo expressado em suas pinturas. Como era incrível. Era claro ao final da exposição saber exatamente qual o humor tinha Van Gogh ao pintar cada quadro. Saí realizada.
 Não levei máquina e o acervo é do Iaroslav(com alguns toques meus de "essa aqui" e "essa aqui")







e que sem querer fotografou meu quadro preferido (que por acaso, como vocês podem ver na foto, não podia ser fotografado...). Nesse quadro eu fiquei meia-hora. As cores, que cores! Vivas, pareciam que as flores iam sair pelas molduras inferiores e se espalhar em pétalas pelo chão a qualquer minuto. Como eu amei esse quadro. Se posso dizer que me apaixonei em Amsterdam, foi por ele.



                                                               Ok... IT`S SHOW TIME!


O resto do dia seguiu incrível, nos reencontramos na Ganga Smoking Area onde estava o inglês Peter que foi o cara mais chapado e afetado pela maconha que eu já conheci na vida. Sua vida se resumia a trabalhar uma parte do ano e torrar o resto do ano e do dinheiro em Amsterdam fumando maconha. Ele conversava como um personagem de "Orgulho e Preconceito" não só pelo sotaque, digo mais pela formalidade. Parecia ter saído direto de um filme. Impagável uma longa conversa com ele! Mas tinha um bom coração, puxou papo comigo no meu primeiro dia sozinha, se ofereceu para me mostrar a cidade enquanto minhas amigas não chegavam e me deu um mapa com os melhores Coffee Shops circulados e detalhados: este é mais famoso, mas não tem qualidade tão boa quanto o outro. Este é bem pequeno e parece estranho, mas tem as melhores ervas, etc. Acabou que eu não visitei nenhum deles e na verdade não gastei um centavo em maconha. O pouco que fumei  vinha dos meninos do hostel que fizemos amizade (coincidentemente descobri que eram todos do meu quarto) ou da francesa que vive em Paris mas é de Nice (e fazia questão de enfatizar pela famosa pouca simpatia que a frança possui pelos parisienses)que estava em Amsterdam escrevendo sua tese de mestrado. (ou pelo menos a Laure (ela) tentava escrever sua tese enquanto a gente estava pela rua, mas durante o dia, quando fomos nos reunindo ela simplesmente não resistiu mais, desligou o computador e sentou com a gente.). E os cogumelos começaram. Elena e Yulya gargalharam de chorar durante cinco (CINCO!) horas seguidas até que foram dormir porque a barriga doía demais. Gargalharam ainda mais contando sobre o Museu de Cera quando não faziam mais idéia de quem era de verdade e quem era de cera e quando Yulya pegou a mão de um homem achando que era um boneco para bater uma foto e a mão mexeu ela pulou tão alto,bateu a cabeça e quase caiu no chão.

Elas podiam ser garotas propaganda dos cogumelos, porque só de ficar no quartinho da fumaça (traduzido fica srm,graça o nome) dez minutos com elas gargalhando sem conseguir parar, chorando de rir, vermelhas,  uns 20 turistas saíram correndo atrás das Smart Shops para comprar os mesmos. As pessoas entravam e saíam, entravam e saíam, e o nosso grupo continuava. Eu estava mole, imóvel, com efeito do cogumelo junto com a fumaça da maconha na sala toda. Para mim a tal da onde foi outra. As paredes dançavam, os desenhos na parede então davam um show de hip hop, gargalhei também porém menos que as meninas. Tudo era engraçado e diferente.

No final da noite eu só sorria e não falava nada com ninguém. E nem me lembro de refletir sobre nada, eu simplesmente não tinha nada na cabeça. E às vezes sobre umas 5 coisas diferentes ao mesmo tempo. Ficava olhando, olhando e rindo, sorrindo.
Quando as canadenses antipáticas voltaram horas depois da rua ainda estávamos todos lá. Eu, Laure, os 3 americanos e o australiano na mesma posição. Deu até vergonha. Era impossível mexer. Não sei explicar. Meu corpo pesava toneladas! Eu só observava as conversas, escutava as músicas sempre boas do DJ Mike, às vezes participava e na maioria das vezes não conseguia. Não tinha força nem para falar às vezes. Iaroslav sacaneando o Peter, os americanos irmãos e o Mike conversando assuntos muito legais sobre desenvolvimento mundial, que é a área em que ele trabalha e o que levava ele a viajar tanto. O Mike não era um americano ignorante e me surpreendeu. Lembro de ter pensado isso. Lembro de pensamentos avulsos. Lembro de ter achado aqueles os sofás mais confortáveis do mundo.

 De ter chamado mentalmente o dono do hoste de espertinho porque tinha três geladeiras enormes só de snacks bem na salinha da fumaça e que ele devia estar milionário só com aquela idéia. Lembro de apenas trocar olhares com a Laure e com o Iaroslav e fazermos transmissão de pensamentos e rirmos juntos e então gargalharmos porque não fazíamos mais idéia do porque tínhamos começado a rir. Lembro também daquele ser o nosso ninho. Quando um de nós ameaçava sair da sala todos os outros paravam o que estavam fazendo (mesmo que fosse nada) e falavam "ou ou ou!! você vai aonde? nada disso!! voce não pode abandonar a gente! pode voltar e sentar!" e sempre funcionava. A pessoa voltava e nos sentíamos completos de novo. E tudo isso com pessoas que eu tinha acabado de conhecer. Que esquisito. Que sensação legal. Que estranho e legal. Conclusão: MUY LOCO!!

 Lembro de ter sido a noite mais louca dentro da minha cabeça na minha vida e eu até agradeci que iria embora no dia seguinte, porque  também me lembro de em algum momento ter concluído que Amsterdam pode ser perigoso(ou algo assim).

No dia seguinte nós já éramos amigos inseparáveis andando em bando.

Fizemos tudo juntos enquanto tínhamos as últimas horas livres. Red Light District, Coffee Shops, Vondelpark com cogumelos que tinham sobrado e uollll


















(não conseguimos chegar ao lago porque a onda do cogumelo bateu antes e paramos por ali pela árvore mesmo que no momento parecia ser de outro mundo de tão maravilhosa, ou então era o cogumelo. Mas que todos estavam na mesma onda então, estavam. Porque os olhos arregalados com a beleza da árvore brilhavam iguaizinhos...


                        E, OBVIAMENTE, não dava para ir embora sem "a foto nas letrinhas"(como dizia Yulya)




Saímos gargalhando de Amsterdam depois de termos errado plataformas e trens até conseguirmos achar o certo e Elena ter passodo por todos os vagões batendo com o saco de dormir na cabeça de todos os passageiros e eu atrás ria tanto que eu não conseguia avisar a ela, então ela virava para trás para me mandar ficar quieta porque eu estava acordando todos e quando ela virava ela porrava na cabeça de alguém e eu quase caía no chão de tanto rir e assim fomos por uns 16 vagões até finalmente sentarmos, e esperarmos Bruxelas!

Eu admito e lamento que dessa vez fui à Holanda e não vi quase nada da Holanda. Não conheci holandeses, não comi comida típica. Foi mais como uma volta ao mundo dos EUA até a Rússia. Foi ótimo, sim, claro. Mas saí sabendo que aquilo foi apenas uma,brincadeira, e que nunca me perdoaria se não retornasse. E dessa forma Amsterdam e Holanda entraram na minha lista de lugares para voltar. Espero conseguir algum holandês bem legal para me hospedar pelo couchsurfing da próxima vez.

Obrigada, Amsterdam, por ter me divertido tanto com tantas gargalhadas e novos pontos de vista e experiências  e o mais importante, por ter me deixado sair viva! Amém!

WE SURVIVED! YEAHHHH!!! 













sábado, 22 de março de 2014

Holanda (Holland Netherlands) - Amsterdam (Parte II)

A cidade das missões
The missions` city



              Acordei cedo até pro que eu esperava e já não tinha ninguém no quarto. O que foi ótimo porque eu tava mesmo mega sem graça já que provavelmente tinha acordado todo mundo de noite. Sem notícias de Elena ainda, resolvi sair pela cidade. O tempo tava feio e admito que errei no roteiro.. não sei se foi meu deslumbramento com a Suíça, mas hoje se fosse refazer o roteiro colocaria Amsterdam antes de ir à Suíça, com certeza. Porque depois de Genebra, Montreux, Vevey e Chexbres me desculpe Amsterdam, mas ficou no chinelo. Também o tempo não ajudou e inclusive a partir desse dia a primavera bateu asas da europa e deve ter ido parar incluída nos 40 graus do outono mais pra verão brasileiro.

"Tome aqui um mapa. Aqui é aonde está o hostel e aquí é aonde você quer ir."
"Mas eu não te falei ainda aonde eu quero ir!"
"Pro centro, não é?"
"Na verdade não faço idéia. Mas pode ser. O que eu encontro lá?"
"Amsterdam, ué."

Não precisou falar mais nada o moço doidão da recepção. Peguei o mapa e comecei a descer as escadas, abri a porta quando escutei a voz dele lá de cima da escada e olhei e só vi o Black Power

"Cuidado. Hoje a cidade está um caos. Torça para o azul ganhar, e se ele perder não fique na rua a noite. É muito perigoso. Se eles perderem vão quebrar a cidade inteira."

"QUÊ?!? AZUL? QUE AZUL, MOÇO?!?"

Nisso entraram uns chineses ou coreanos, falaram oi e deixaram a porta bater.
Fiquei com o mapa, com o frio e sem resposta. Não fazia ideia do que era azul além do barco que passava no canal na hora.

I woke up even early for what I expected and had no one in the room. What was great because I was veeery embarrassed as had probably woken everyone during the night. No news yet from Elena, so I decided to go and see the city. The day was ugly and I admit I made a mistake about my itinerary .. do not know if it was my fascination with Switzerland, but today if i would do it again, I would put Amsterdam before going to Switzerland for sure. Because after Geneva, Montreux, Vevey and Chexbres I'm sorry Amsterdam, but comparing is even unfair.  Also the weather did not help and I believe that from that day on  spring flied away from Europe and probrably have ended up included in the  40 degrees brazilian autumn (autumn that can be called summer, actually. I dont know why we brazilians still on insiting to pretend that we have four seasons when we have only one the entire year: summer).

"Here`s a map. Here is where the hostel is and here is where you wanna go"
"But i didnt say anything about where i wanted to go.."
"To the center, isnt it?"
"Actually I have no idea. But it can be. What do I find there?"
"Amsterdam."

The crazy guy from the reception didnt need to say anything else. I took the map and started to go down the ladder, than i opened the door when i heard his voice from up stairs. I looked and all i saw was the black power hair.

"Be careful. Today the city is a caos. Cheer for the blue to win, and if it looses do not stay out on the street till late. Is really dangerous. If they loose they will break the whole city."

"WHAT?!?! BLUE?!?! WHICH BLUE, MAN?!?!

At that moment some chineses or koreans (i couldn`t tell) said hello, entered and left the door close.
It was me and the map with the cold and wiuthout any answer. I had no idea what the blue was besides the color of the boat that was passing by the channel at that moment.

Tava um frio mas que ainda dava para aguentar! Saímos eu e meu mapa, meu mapa e eu. Estava beem nublado, mas de vez em outra o sol aparecia e tudo ficava ótimo, dava até pra tirar o casaco. Segui as dicas e cheguei no centro da cidade em no máximo 20 minutinhos caminhando.
Oba! Hostel pertinho, que maravilha! Quando os dedinhos do pé começassem a congelar era só voltar e nem dava tempo deles necrosarem. Maravilha.
Que nada, na volta não sei que raios que aconteceu ou que bosta que eu fiz que entortei o mapa ou as ruas mudaram de formato e eu demorei uma hora e vinte minutos para conseguir voltar(essa foi sem dúvidas a pior missão!) com frio e pedindo informação a cada esquina depois de descobrir que graghts não é rua, e sim canal em holandês. Aliás, fica a dica. Era incrível porque não importava quantas vezes eu parava para pedir informação (às vezes duas vezes no mesmo quarteirão) que eu me perdia no quarteirão seguinte por causa dos canais. Tudo parecia a mesma coisa!! E eu sempre fui famosa por não ter nenhum senso de direção. Alguns amigos já me chamaram até de Dori (aquela do Procurando Nemo).

Não achei a cidade nada demais. Mas não sei também. Amsterdam é conhecida como a cidade das tulipas então eu achava que estariam por toda a cidade, até mais do que estavam pela Suíça. Os olhos brilhavam só de imaginar. Mas não.. quase não vi flores ou posso não ter visto o suficiente para chamar minha atenção. Só via bicicletas(isso quando dava tempo de ver porque na maioria das vezes só dava tempo de ouvir uns grunidos que pareciam xingamentos dos ciclistas).
Esses sim eram loucos! Andavam a mil por hora, dominando as ruas e a cidade inteira e ai de você se entrasse na frente! Fui quase atropelada e xingada tantas vezes que parei de contar.

Para uma cidade que muitos andam chapados(e nem vem dizer que não!) até que eles eram bem rapidinhos.

Não achei legal não, mas também só fiquei três dias então pretendo dar outra chance.
Mas naquele momento, o charme na minha imaginação de "Amsterdam, a cidade linda das tulipas e onde todos andam de bicicleta" foi pra casa do caralho. Era bicicleta pra todo lado, mal sobrava espaço nas ruas e ainda tinham os canais para deixar tudo mais tenso e todos voados com as milhões de buzinas de bicicletas tocando para eu sair da frente que só de lembrar me dão agonia. Tudo muito lotado.

Mas dei azar também, ou sorte, ou azar, não sei bem dizer, (acho que foram os dois) de ter chegado nesse dia específico.
Quanto mais eu andava mais eu percebia uma agitação diferente nas pessoas

It was cold but still enough to endure ! Me and my map left. It was reeally cloudy, but once in another sun appeared and everything was great, I could take my coats off. I followed the tips and arrived in the city center in a maximum of 20 minutes walking .
Yay! Hostel close, that's wonderful! When the toes began to freeze it was just go back and wouldnt be enough time for them to suffer necrosis. Wonder!
But was not like that at all. On the way back I dont  know what the hell happened or what shit i had done that I warped the map or the streets simply changed the format and it took me an hour and twenty minutes to get back (this was without doubt the worst mission!) Cold and requesting information on every corner after discovering that graghts is not street, but channel in dutch. By the way, thats one of my hints. It was amazing because no matter how many times I stopped to ask for information (sometimes twice in the same block) I was lost again in the next block because of the channels. Everything looked the same! And I've always been famous for having no sense of direction. Some friends even call me Dori (that fish without memory thats always lost in Finding Nemo).

I didnt think the city a big deal. But I don’t  know.  Amsterdam is known as the city of tulips so I thought it would be all over the city, even more than they were in Switzerland. My eyes shone only by imagining it. But no .. I hardly saw flowers or I may not have seen enough to get my attention. I only saw bikes (when I had enough  time to see it cause most of the time I just had enough time to hear some grunts that seemed cursing from the cyclists.
Those people were crazy! Walked a mile a minute, dominating the streets and the whole city, and woe to you if you enter the front! I was almost run over and cursed so many times that I stopped counting.

For a city that many walk high (and do not deny that!), I can say they were pretty fast.

There was so many bikes everywhere, that I could barely find free space on the streets and still had the channels to make everything more tense and everybody flew with millions of bicycle horns playing out on the way. Just of remembering gives me agony. All too crowded. 

But I also had a bad luck, or good luck, or bad luck, i can actually tell(I think were both) of having arrived at that specific day.

As more I walked, more i realized a different excitement on people.


Quando cheguei no centro da cidade eu entendi o que era "azul" quando dei de cara com muitos, mas muitos torcedores do Chelsea(time de futebol inglês) dominando os bares. E do outro lado tudo vermelho. Esses eram os torcedores do Benfica, de Portugal.

When I arrived at the center of the city I understood what the "blue" was when I bumped into many, maaany Chelsea fans (english football team) taking over all the bars. And at the other side all red. Those were de Benfica  fans, from Portugal.


      A cidade era azul e vermelha e por um lado era legal ouvir tanta gente falando português e por outro os torcedores do Chelsea me davam um puta medo. Berravam, bebiam mais e mais cervejas, largavam lixo pelo chão, provocavam os portugueses.

The city was no longer orange from Holland that day, it was blue and red and for one hand it was nice to hear so many people speaking portuguese but by the other hand the Chelsea fans fucking scared me. They screamed, drinking more and more beers, throwing garbage on the floor, proked the portugueses


              Eu tinha chegado no dia da final da liga européia de 2013. E mais uma vez eu parecia ser a única que não sabia de nada! A Europa inteira estava conectada em Amsterdam aquele dia e eu mesma parecia estar no mundo da lua, ou em qualquer outro lugar menos lá.
   
I had arrived at the end of the European league of 2013. And once again I seemed to be the only girl that didnt know about anything! The entire europe was connected to Amsterdam that day and myself seemed to be on the moon oor at any other place, but there.

          O clima foi ficando mais pesado quanto mais eu andava pelo centro e fui ficando com medo. Mas era um medo que ainda não me deixava ir embora. Era interessante! Era algo que eu nunca veria no Brasil ou na América do Sul. Qual a chance de ter um jogo, por exemplo, no Uruguai onde Montevideo ficasse dominado metade verde e amarelo do Brasil e a outra metade azul e branco da Argentina? Isso nunca vai acontecer, é tudo muito distante e muito caro. Quem enche a cidade é sempre a torcida do time da casa.

         The atmosphere was getting heavier as more I walked through the center of the city and I was getting scared. But it was a scared that wasnt enough to make me go away. It was interesting! It was something that i would never see nor in Brasil or in South America. Whats the chance of happening a game, for example, in Uruguay where Montevideo would be dominated half by green and yellow from Brasil and the other half by blue and white from Argentina? That will never happen, everything is too far and too expensive. Here in SA who dominates the city on a game day are always the fans of the host country.


     Era hino português para cá, hino inglês para lá, músicas e mais músicas da torcida inglesa igualzinha às músicas do filme Holligans! De arrepiar mesmo
Alguns me encaravam feio(ou encaravam algum português atrás de mim, mas que para mim era o suficiente para ficar arrepiada e acelerar o passo). Me senti no meio do filme e sentia que a qualquer minuto a porradaria ia estancar e eu ia estar ali no meio.

It was portuguese anthem from here, english anthem from there, songs and more songs coming from the english fans exactly like thoses of the movie "Holligans"! That was amazing. Was really giving me chills! Some stared at me with a really ugly face/9or they could be stering some portuguese behind me but surely was enough to freak me out and make me walk faster). I felt in the middle of the movie and that at any minute a gigant fight would start and i was gonna be right in the middle of it.


                     Em um bar só portugas.
                                                At one bar, just portugueses


                No bar em frente do outro lado da praça, só ingleses.
                                        At the other bar on the other side of the square, just english fans.


                                                  Um provocando o outro.. e eu no meio.
                                                                     One causing the other one.. and me at the middle.


"Ok, vi um pouco da cidade, peguei um pouquinho de sol no banquinho, hora de sair daqui".
"All right, I`ve seen a bit of the city, got a bit of sun at the seat in some corner, its time to get out of here."

Não queria me atrever mais e resolvi confiar no doidão da recepção. Voltei correndo, isso sim. Quanto mais perto chegava da hora do jogo mais loucas as pessoas ficavam e já tinha gente até se pendurando em postes e subindo nas pontes dos canais!

I surely didnt want to dare more and i decided to trust in the crazy guy from the reception. And actually I came back running, just stoping for ask for information, of course. As more close of the time of the game it was getting, more crazy people were getting and there was already people hanging on poles and climbing on the channels` brigdes!

                                                  Caos total!!
                                                              E eu ia era ficar quietinha no hostel, isso sim!

                     Total caos!
                           Me? I was gonna stay pretty quiet at the hostel at least until he game was finished for sure!


Chequei internet e nem noticias de Elena.
O sono bateu, resolvi subir e terminar o sono interrompido milhões de vezes da noite anterior

Abri a porta e dei de cara com um rapaz. Meu vizinho de cima no beliche. Morrendo de vergonha perguntei "Oi.. desculpa mas eu fiz muito barulho ontem quando cheguei? Te acordei?" E já fui me desculpando quando o Iaroslav respondeu que não, que estava tudo sussa enquanto ele se embrulhava na bandeira do Chelsea. Sem contar que já estava com a blusa e gorro do Chelsea parecendo um lunático. Parecendo não. Ele era mesmo. Esse ucraniano fanático por um time inglês veio da Alemanha(aonde mora atualmente) só para ver o jogo e ia embora dois dias depois.  Invejinha desse povo europeu. Com três dias no Brasil dá pra ir a São Paulo e olhe lá.
Mas mesmo todo embrulhado em azul, não senti medo dele e fui com a cara daquele menino na hora. E não deu outra, ele ainda ia me proporcionar as melhores gargalhadas de Amsterdam.

Ele saiu pro jogo e eu apaguei. Que cama gostosa, que edredom gostoso. Dormi embrulhadinha já que o frio tava piorando.

Acordei no susto e estava escuro já. Queria sair, mas e o azul? Tinha ganhado? E a cidade? Tava em cacos ou ainda tava inteira? Com medo de sair fui para o "lounge" do hostel ou - o ganja smoking area - como dizia na plaquinha da porta. Nada mais era do que uma sala pequena (exprimida, claro)com os sofás mais confortáveis do mundo, uma mesa com baralho e vários outros jogos, varanda para o canal com flores e com um gato abusado, e as maquininhas de guloseimas mais tentadoras do mundo também. Ainda mais depois de fumar um. Tudo calculado.. espertinhos! E, claro, um bando de gente fumando maconha.

Mal conseguia ver a cara das pessoas por causa da fumaça já que a janela estava fechada por causa do frio que já estava sinistro lá fora. Mas não me importei. Sentei no primeiro espaço que vi e quando reparei estava do lado de dois portugueses com camisa do Benfica. Eles não estavam nada felizes e apesar de no fundo eu ter torcido para Portugal ganhar(porque os torcedores portugueses eram mais simpáticos e não me davam tanto medo) fiquei feliz porque se eles estavam putos, os torcedores do Chelsea estavam felizes e logo, a cidade ficava inteira! Uhul! Aprendi a apreciar o futebol. Ha-ha!

Puxei assunto e começamos a conversar. Fiz de tudo para animá-los, até contar piada de português. E quando um sorriso vinha vindo pronto, entraram uns 6 torcedores insuportáveis do Chelsea com bandeiras e o cassete a quatro fazendo um estardalhaço e o sorriso foi por água abaixo. O clima ficou tenso. Eles fecharam a cara e começaram a encarar os ingleses e eu já via a porrada comendo.

I checked the internet and no news from Elena .

Sleep hit me, I decided to go up and finish the million times interrupted sleep from the night before.

I opened the door and I ran into a guy . My upstairs neighbor in the bunk . Dying of embarrassment asked " Hi . Sorry but did I do a lot of noise when I arrived yesterday ? Woke you? " And since I was apologizing when Yaroslav said no, it was all cool as he wrapped in the flag of Chelsea . Not to mention that he was already wearing the Chelsea`s T-shirt and also the beanie looking like a lunatic. Seeming not. He was a lunatic. This Ukrainian boy fanatic by an English team came from Germany ( where he currently lives ) only to see the game and go away two days later. Little jealous of that European people . With three days in Brasil I could at maximum go to Sao Paulo(the next state).
But even all wrapped up in blue, I was not afraid of him and I liked that guy at the time . And I was right , he would still give me the best laughs of Amsterdam .
He went to the game and I blacked out. What a delicious bed, soo confortable, delicious.

Wrapped in thousand blankets I  slept since the cold was worse .

I  woke up in fright and it was dark already . Wanted to leave but and what about the blue ? Had won ? And the city ? Amsterdam were into pieces or still a whole city? I was afraid to go out so I went  to the " lounge " or the hostel - the ganja smoking area - as it was written in the little plate of the door . Was nothing more than a small room with a table with cards and various other games, a balcony with flowers and the channel with an abused cat the most tempting treats machines ( specially for after smoking ganja ) with the most comfortable sofas in the world. All calculated .. wise guys ! And of course, a bunch of people smoking pot .

Could barely see the face of the people because of the smoke since the window was closed because of the cold that was already out there claim . But I did not care . I sat in the first room and when I noticed I was standing next to two Portugueses Benfica`s fans. They were not happy and even though deep down I had cheered for  Portugal to win ( because the Portuguese fans were more friendly and did not scare me so much) I was happy because if they were pissed , the Chelsea fans were happy and so , the city wasn’t broken!! Yeah! I have learned to appreciate soccer. Ha - ha !

I started talking with them. Did my best to cheer them up telling even Portuguese jokes. And when a smile was coming damn, entered 6 unbearable Chelsea fans with flags and horns making fuss, a mess and the smile went downhill . The mood was tense. They closed the face and began to face the English fans and I already saw the fight beginning.


Esse amor incondicional pelo futebol que faz dois portugueses lindos e simpáticos ficarem de cara fechada em outro país, em Amsterdam, eu realmente nunca vou entender. Eu estava tão feliz de estar lá naquele mundão diferente de gente louca!

O Chelsea dominou o hostel e os portugueses deram a idéia de sairmos antes que desse confusão. Até porque vi algo que nunca imaginaria ver: torcedores mais pentelhos que os flamenguistas quando ganham.
E eu inocente que achava que os brasileiros eram fanáticos por futebol.. ha-ha. Que piada. O fanatismo daqui não chegava nem aos pés do inglês. E eu agradeço e muito por isso, aliás!

Olhava para os loucos gritando e cuspindo de tanta adrenalina e imaginei eles no Brasil na copa e desejei estar bem longe do Rio de Janeiro em junho.
"Se prepare porque a copa vai juntar no Brasil os torcedores mais fanáticos(como eles - falava apontando com os olhos com cara de desprezo) de todo o mundo. Bem na sua cidade."

Imaginei já postes caídos, chão sambando de cerveja, brigas, porradarias, e meu sorriso foi murchando junto com a minha vontade de presenciar essa bagunça quando perguntaram:

"Então, vamos sair?"

Hesitei.. não achava que era uma idéia muito boa sair do hostel, mas aquelas caras de tristeza estavam acabando comigo e eu não tive como dizer não.

Assim que concordei e vi que nem a camisa do Benfica eles iam tirar eu me arrependi. Mas já era tarde. Fomos para um bar no centro e tudo o que eu pensava no caminho era:

"Muito bem, Dori! Sair sem mapa, sem saber aonde está indo(com o seu senso de direção s-e-n-s-a-c-i-o-n-a-l), sem falar holandês e sem saber voltar com dois jogadores esquentadinhos e ainda por cima com a camisa do Benfica bem no dia que o Chelsea ta tomando conta de Amsterdam. Parabéns!" Eu estava me superando.

This unconditional love for football that makes two cute friendly  portuguese guys in another country , in Amsterdam , be sad…. I really will never understand . I was so happy to be there in the middle of that different crazy people!

Chelsea than dominated the hostel and the Portugueses gave the idea to get out before it became a mess. Especially because I saw something I never thought I would see : more ANNOYING  fans that the “ flamenguistas”(fans from a braziliam famous team from Rio de Janeiro) when they win .
And I thought that Brazilians were football fanatics .. ha - ha . What a joke . Fanaticism here do not even come to the feet of English. And I thanks for that, indeed! I would have to leave Rio de Janeiro if they were like the English fans.

Looked at the crazy fans screaming and spitting so much adrenaline and imagined them in Brazil in the World Cup and I wished to be quite away from Rio de Janeiro in June.
" Get ready because the World Cup will join in Brazil the most fanatics fans ( like them - spoke pointing with eyes) from all around the world right in your town. . "

I figured since fallen poles , ground full of  beer , fights, and my smile was fading along with my desire to witness this mess when they asked :
" So lets leave? "

I hesitated .. did not think it was a very good idea to leave the hostel , but those guys were so sad that it was killing me and I had no way to say no.

So I agreed. But when I saw that not even  the Benfica shirt they would take out I regretted . But it was too late. We went to a bar in the center and all I thought on the way was:

" Well done , Dori ! Going out  without a map , without knowing where you're going ( with your phenomenal notion of space and localization) , without speaking Dutch without knowing how to get back with two quite stressed guys wearing Benfica`s shirt at  the day the Chelsea is taking over Amsterdam . Congratulations ! " I was overcoming me .



E cadê a Elena? Nem sinal. Chequei meu e-mail do celular do portuga e só tinha um e-mail falando que elas se confundiram e tinham ido parar em Utrecht(onde quer que isso fosse) junto com uma foto delas fazendo pole dance em um poste na beira de um canal e dizendo que só iam conseguir chegar no dia seguinte.

Bem, elas pelo menos estavam aproveitando a noite, então eu ia tentar aproveitar também!

E acabou que aproveitei e muito! Tirando o troca-troca de bar porque saíamos sempre que os torcedores do Chelsea entravam. Mas até que foi bom, foi um tour pela bohemia holandesa. O problema foi só a comunicação porque depois de umas cervejas se a música aumentava eu não entendia mais nada do que eles diziam e eles continuavam entendendo tudo que eu falava. Tentei até falar mais rápido e com mais gírias mas ainda sim eles entendiam! E me sacaneavam! Portugueses sacaneando  brasileiros, quem diria. Eles aproveitaram para dar o troco, com certeza!
"Podem rir, aproveitem rapazes! Pois essa vai ser a única noite que vocês vão ter a chance de sacanear um brasileiro e não o contrário."
E eles riam.
A gente se divertiu.
Missão cumprida, eu tinha conseguido tirar o bico da cara dos meninos! Fiquei feliz de ter pelo menos melhorado a noite deles e espero que eles lembrem de mim como a brasileira que salvou a noite de derrota (Ok, talvez nem tanto!) hahaha, mas de qualquer maneira dançamos muito pelos bares loucos de Amsterdam, fiz os meninos darem boas gargalhadas, a noite não acabou em porradaria e eu tive companhia para voltar(e companhia que sabia o caminho!). Tudo maravilha!

No meio do troca-troca ainda conhecemos uma brasileira que morava lá faziam muitos anos que pai-do-céu, me fez sentir vergonha do Brasil. Ela era negra e usava lentes azuis, tinha os cabelos pintados de loiro, usava um salto de oncinha, esbanjava dinheiro, falava alto e rebolava até quase a calcinha aparecer derramando a taça de champanhe por todo o chão. E queria ser minha amiga de qualquer jeito, só porque eu estava com dois rapazes bonitos portugueses. Assim que a conhecemos ela perguntou quando íamos partir da Holanda e os portugas responderam "amanhã no final do dia". No final da noite quando os bares fecharam e ela trocando as pernas falando para nos encontrarmos no dia seguinte perguntou de novo o português respondeu "Amanhã bem cedo!"

Eu só olhei pra cara dele e comecei a rir e ele riu e piscou o olho.
Pedi desculpas aos meninos por ela, que já estava bem inconveniente e deixei bem claro "esse não é o padrão das brasileiras, meninos. Juro!" E eles fofos responderam "A gente sabe, afinal, conhecemos você."
Não sei bem que tipo de padrão eu sou ou possa ser, mas fiquei feliz porque pelo menos eu ia mais com a minha cara do que com a daquela moça exagerada e levei como elogio.

Nos despedimos da amiguinha, chegamos no hostel e eu saí subindo as escadas e fui dormir. Acho que aquela cama funcionava tipo ímã para mim. Não me despedi direito, não peguei o contato deles sendo que eles tinham falado para avisar quando eu fosse para Lisboa, pois era aonde eles moravam(porque até então ainda estava nos meus planos). Nada. Nem raciocinei.  Acho que foi a bebida com a marola. Ou no fundo achei que os encontraria no dia seguinte. Mas não os encontrei mais. Nem boa noite dei e saí subindo as escadas e me arrependo muito porque hoje eu nem consigo lembrar o nome dos dois portugueses mais simpáticos e gente boa que eu já conheci.

Cama delicia. Gente, se tem algo que eu amei na Holanda foi aquela cama cheia de edredons me engolindo. Sem brincadeira. Eu sorria só de deitar. Na minha segunda noite o frio já estava pegando pesado e eu voltei tremendo.

Apaguei e torci para Elena finalmente encontrar o trem certo para Amsterdam e não ir parar em qualquer outra cidade ao invés.

And where the hell Elena was ? Not even a sign of her . I checked my e- mail of one of the guys` cell phone and there was just an email saying they were confused and had ended up in Utrecht ( wherever that was) along with a photo of them doing pole dance on a pole at the edge of a channel and saying that they would only be able to arrive the next day .
Well , at least they were enjoying the night , then I 'd try to enjoy it too!
And it turned out that I enjoyed a lot! Besides the fact that we had to move from bar to bar to get away from the Chelsea fans when they entered . But even that was good, it was a tour through the Dutch nightlife . The only problem was communication because after a few beers if the music increased I did not understand anything they were saying and they kept understanding all I was saying. I tried to speak faster and with more slang but still they understood ! And made fun of me ! Portugueses making fun of a Brazilian and not otherwise?! That was something new! They took the opportunity to do a revenge, for sure !
" You can laugh , enjoy guys ! Because this will be the only night you will have the chance to make fun of a Brazilian and not otherwise. "
And they laughed .
We had fun.
Mission accomplished , I had managed to get smiles from that boys ! I was happy to have at least improved their night and hope they remember me as the Brazilian who saved the night of thedefeat ( Ok , maybe not ! ) Hahaha , but anyway we danced by very crazy bars in Amsterdam , the boys gave a good laugh , the night ended up without any fights nor ass kicking  and I had company to return to the hostel( and the company that knew the way ! ) . Everything 's wonderful!

In the middle of the changins of bars we even met a Brazilian who lived there for many years that father -heaven , made ​​me feel ashamed of Brazil . She had black skin and wore blue contact lenses , colored blonde hair, wore a leopard heel , lavished money, talked loudly and danced till the floor almost showing the panties and pouring champagne all over the floor . And she wanted to be my friend anyway, just because I was with two handsome Portuguese guys. Once she asked when we wouldleave Amsterdam the guys answered  " tomorrow at the end of the day ."
 At the end of the night when the bars closed and her with her swapping speaking  legs came telling us to meet the next day she asked again and the Portuguese replied " Tomorrow really really early! "

I just looked at his face and started laughing and he laughed and winked .
I apologized to the boys for her , which was already well inconvenient and made ​​it clear " this is not the standard of Brazilians, I swear. " And they cute responded " We know , after all, we met you . "
I'm not sure what kind of pattern I am or I can be , but I was happy because at least I liked much more myself than that  exaggerated woman and took it as a compliment .

We said goodbye the woman , we arrived at the hostel and I went up the stairs and went to sleep . I think that bed worked as magnet for me . I didn’t say properly goodbye , did not get their contact and they had said for me to let them know once I had arrived in Lisbon , it was where they lived ( because by then was still in my plans ) . Nothing . I didn’t even reasoned, ib guess . I think it was the drink with the ganja smoke. Or maybe I thought I would meet them the next day . But I didnt . Not even good evening  I said when I went  upstairs and I regret a lot because now I cannot even remember the name of the two most sympathetic and good vibe Portugueses I have ever met .

Again, delicious bed . Guys, if there was something that I felt in love with in Amsterdam was  that bed filled comforters engulfing me . No kidding . I smiled just to lie down . On my second night the cold was already getting heavy and I came back shaking.


Blacked out and hoped Elena finally could find the right train to Amsterdam and not end up anywhere else in Holland instead .

Holanda(Holland Netherlands) - Amsterdam (Parte I)

                                                                 A cidade das missões
                                                                                        The missions` city



A viagem para Amsterdam já começou engraçada no avião quando entre meus mil pensamentos parei e reparei que o avião inteiro era verde e combinava com a roupa dos aeromoços/ças e com os assentos que eram tão verdes quanto. Como um bando de doende.
Hummmhh ..Amsterdam.. doentes.. ou fadas verdes? hummmm.. sugestivo, vai dizer que não? Já esperava até o abscinto no lugar da water. Achei engraçado e passei as horinhas poucas do vôo me divertindo imaginando um mundo de fantasia me esperando lá embaixo.                        

 E quando desci do avião me senti em outro mundo mesmo porque primeiro de tudo eu novamente não entendia porra nenhuma do que falavam nem nos auto-falantes, nem escrito nas placas.
Eram depois das 2 da madruga, eu já era um zumbi de sono e não fazia idéia da onde era meu hostel. Reservei nos últimos 10 minutos ainda no aeroporto em Palma em um computador esquisito com tela meio touch e meio mouse que só funcionava quando dava na telha e me irritou muito pela lerdeza(achei algo em Palma que estava claramente ativo na crise) e não me deu tempo nem de olhar no mapa aonde era o tal do International Budget Hostel (que só reservei porque era o mais barato - 13 euros a noite).

A idéia era chegar umas 23h e pegar informações, um mapa e então o metrô, ou ônibus até o hostel. Mas com o atraso do vôo na hora que cheguei nada estava aberto, nem mesmo os olhos dos poucos funcionários pelo aeroporto. Nadica de nada. Só eu, minha mochila, meu papelzinho escrito Leidsegracht 76 | GrachtengordelAmsterdã 1016 CR e um frio do cassete pro qual eu não estava preparada vindo do sol e dos bons 23 graus da Espanha.  Trens, e metrôs não circulavam mais e já era perigoso demais pegar ônibus sem nem saber para onde eu estava indo.

Foi táxi, não teve jeito. E junto com o táxi foram meus  cinquenta euros (mais de 150 reais) mais doídos da viagem.  Convirto mesmo para me dar mais tristeza ainda e eu nunca esquecer disso para nunca cometer o mesmo erro.

      The trip to Amsterdam has begun funny inside the plane when between my thousand thoughts I stopped and noticed that the entire plane was green and matched the clothing of the flight attendants and also with the seats that were as green as . Like a bunch of elves .
Hummmhh .. Amsterdam .. elves .. or green fairy? hummmm .. suggestive, no? I was even already waitting for abscinthe instead of water . I found it funny and spent the few hours of the flight enjoying myself imagining a fantasy world waiting for me down there
.
           And when I got off the plane I felt in another world because it first of all again I did not understand shit of what they spoke or by the speakers , or written on the plates .

It was after 2 in the morning , I was already a zombie sleep and had no idea of where my hostel was . I booked it at the last 10 minutes still at the airport in Palma in a weird computer with half touch screen half mouse that only worked when it wanted to and left  me very irritated by the slowness.  (I had finally found something clearly active in the crisis).  I didnt even have time even to search in Google Maps where the International Budget Hostel was(only booked because it was the cheapest - 13 euros a night).

          The idea was to get there around 23h and pick up information, a map, and then the subway or bus to the hostel. But with the flight delay at the time I arrived nothing was open, not even the eyes of the few workers at the airport. Nithling anything. Just me, my backpack, my little paper written Leidsegracht 76 | Grachtengordel, Amsterdam 1016 CR and a fucking cold for which I was not prepared for when I was coming from the sun and the good 23 degrees of Spain. Trains and subways werent circulating at that time and it was too dangerous to take the bus without knowing where I was going.
        Taxi it was, there was no way. And along with the taxi were gone my fifty euros (more than 150 reais) more painfull lost. I do the conversion for real to give me even more sadness and I never forget it, never make the same mistake.

Aqui vai outra dica: não seja burro/a como eu fui esse dia comprando passagens de madrugada porque é mais barato. Não chegue onde não conhece a noite e muito menos de madrugada principalmente se estiver sozinho/a e se não dominar a língua local. Você fica a mercê dos taxistas que podem cobrar o preço que quiserem, fora os outros perigos. Você fica vulnerável demais, como eu fiquei e foi uma bosta. Sem contar que o que economizei na passagem gastei no táxi e deu no mesmo. Só me deu mais trabalho.

O taxista não conhecia a rua nem o canal e nem nada de nada e eu comecei a ficar tensa. O sono foi pra casa do cassete e os olhos arregalaram. Botou no GPS e o GPS não encontrava. Era a primeira vez que eu tinha reservado hostel com cartão de crédito pela internet e eu que já era desconfiada tive então certeza absoluta que tinha levado um pau e que o hostel não existia e nesse momento já haviam clonado meu cartão e usavam ele em algum festival de musica eletrônica na Hungria ou para comprarem virgens da Bósnia.

E o taxímetro rodava e eu não sabia para onde ia. Já xingava o motorista mentalmente. Depois de uns dez minutos andando o GPS encontrou o endereço e meia-hora depois chegamos no Hostel.
Entre ruazinhas totalmente escuras e apertadíssimas de paralelepípedo que mal dava para acreditar que um carro passava por ela. Parecia que o retrovisor ia arrancar a caixinha do correio das casas ou vice-versa de um lado e do outro o canal. E eu achava que estava sendo raptada. E poderia ter sido mesmo porque eu não tinha referência alguma.
É preciso confiar em quem não se conhece e não tem jeito. Temos que estar preparados para isso. Mas é sempre melhor enquanto ainda é dia.

 Paramos em frente a uma casa tipica holandesa de uns três andares com vasinhos de plantas na varanda do primeiro andar. Bem expremidinha entre as outras construções, como em todo o resto da cidade.


Here 's another tip : do not be stupid as I was buying tickets at dawn because it is cheaper . Do not arrive where you don not know at night or at dawn and much less especially if you're alone and if youre not master at the local language . You are at the mercy of the taxi drivers who can charge whatever price they want, out the other dangers . You become too vulnerable , like I was and it was a turd . Not to mention that the money I saved in the cheaper flight i simply had spent in the taxi and gave the same . Just gave me more work .

The taxi driver did not know the street or the canal , nor much of anything and I started to get tense . My sleepy mind sent the sleep to hell and my eyes widened . He turned on the GPS and the GPS could not find . It was the first hostel I had booked with a credit card over the internet and I that was already a suspicious person then I was absolutely sure that he had been deceived, the hostel did not exist and at that time my credit card had been already cloned and was being used at some  electronic music festival in Hungary or to buy virgins from Bosnia .

And the taximeter was running and I did not know where he was going. I was already cursing mentally the driver. After about ten minutes walking GPS foung the address and a half-hour later we arrived at the Hostel. Among very very very tight and totally dark cobblestone  streets in which i could barely believe there was enough space for a car  to pass by. It seemed that the rearview mirror was going to rip the boxes of mail of the houses on one side and at the other  it was the channel. And I thought I was being kidnapped. And it could have been because I didnt have any reference.
We end up having to trust on who we do not know and  theres no other way. We must be prepared for this. But it is always better while it is still day.

We stopped in front of a typical Dutch house of three floors with small vases of plants on the balcony of the first floor. Well squeezed among other buildings, as throughout the rest of the city.



Ufa! Colchão e travesseiro, por favor!
Eu nem falava nada, só um thanks saiu da minha boca e um "wait" enquanto tocava o interfone. Ainda tinha minhas dúvidas se estava no lugar certo e pedi para o taxista esperar caso não fosse e eu tivesse que achar outro lugar. Mas bingo! Era lá mesmo.

Entrei e quando fechei a porta e me dei de cara com uma escada...

Whew! Mattress and pillow, please!
I did not say anything, just a thanks out of my mouth and a "wait" while playing the intercom. Still had my doubts if I was in the right place and asked the taxi driver to wait if not and if I had to find another place. But bingo! It was right there.

I went in and when I closed the door and i saw myself staring a ladder....


                                                              aquela maldita escada!
                                                                                   that damn ladder!
Mas que escada desgraçada! Íngrime para cassete e espremida como tudo em Amsterdam. "Uma escada espremida?!` Sim,  o pé não cabia por inteiro, não! Só de ladinho.


Seriously.. what a damned ladder! Crazyly steep and squeezed like everything in Amsterdam. "A ladder squeezed?!` Yes, the foot does not fit completely, no! Only if the food stand aside!


4 da madruga eu com aquele mochilão nas costas olhando aquela escada. Eu mal tinha forças para andar.
Xinguei a escada (dessa vez nem foi mentalmente, foi em português mesmo, o que dava no mesmo na Holanda).
Depois xinguei o arquiteto, o engenheiro e o dono do hostel. E acabaria xingando até a holanda se eu não tivesse levado um susto com o rosto do recepcionista surgindo na minha frente do nada.

Demorei tanto para subir os degraus que o recepcionista doidão do black power com os olhos vermelhos veio até conferir se eu tinha entrado mesmo. Check-in. Show. Agora é só lazer.

"Quarto XXX, 3º andar."
Estou no segundo, só mais uma escadinha. Ok. (Pensei alto)
"Não, esse é o primeiro"
Puts. Me ferrei.  Foram os dois andares mais longos da minha vida. Tudo era uma missão.
Depois da missão de subir as escadas tive a missão de conseguir encaixar o cartão para abrir a porta do quarto. Depois a terceira missão foi chegar até a minha cama que era a última sem acordar os outros meninos que dormiam, sendo que o espaço entre a cama e o armário por onde eu podia passar era de três coxas minhas uma do lado da outra. E minha coxa nem é grande.

"Tudo espremido nessa cidade!!!!!"

A terceira missão falhou. Pisei na mochila de um, no cobertor do outro, bati na porta do armário de metal aberta, caí, levantei, bati a cabeça na cama de cima do beliche. Ainda fiz uns barulhinhos que não tinha como evitar para pegar meu pijama e mais uns dois casacos e aí sim apaguei. Mas apaguei bonito.

No dia seguinte Elena chegaria com uma amiga e já tinha uma lista de coisas para fazermos, inclusive ir atrás de uns tais de cogumelos que ela tinha escutado falar e que ela não parava de falar disso desde que comprou a passagem. Ou seja, eu tinha que estar inteira para acompanhar, afinal, passarinho que acompanha morcego amanhece pendurado. E eu que não queria acordar pendurado naquele quarto espremido.. mal tinha espaço para ficar em pé!



4 of the dawn and me with my backpack on my back staring that  ladder. I barely had the strength to walk.
I cursed the ladder (this time was not mentally, it was in Portuguese, which was the same in the Holland).
Than I cursed the architect, the engineer and the owner of the hostel. And would end up cursing the Netherlands if I had not taken a scare with the receptionist's face appearing in front of me from nowhere.

Took me so long to climb the steps that the black power receptionist came up to check if I had entered it. Check-in. Nice. Now just leisure.

"XXX Room, 3rd floor."
"I'm in the second, one more step stool. Okay" (I thought high)

"No, this is the first" He said

Damn. Im so fucked up. Too sleepy, too tired for that. Those were for sure the two longest leaders of my life. It was a mission.
After the mission to climb the stairs had a mission to get fit the card to open the door. After the third mission was to get to my bed that was the last without waking the other boys who were sleeping, and the space between the bed and the closet where like 3 thighs mine next to each other. And my thigh is not even big.

"Everything is squeezed in this city!!!"

The third mission failed. Stepped in a backpack, in the blanket of the other, knocked on the open door of the metal cabinet, I fell, got up, hit my head on the top bunk of the bunk. Still I made ​​some noises that could not avoid to get my pyjamas and a couple more coats and then yes blacked out. But i slept beautifully and like a stone.

Elena was supposed to arrive the next day with a friend and had a list of things to do, including going after some of these mushrooms that she had heard talking and she kept talking about it since she bought the flight ticket. That is, I had to be whole to follow, after all, as we say in portuguese "Birdie accompanying bat awakes suspended upside down." And I did not want to wake up upside down squeezed in that room .. barely it had enough room to stand up!


domingo, 22 de dezembro de 2013

Espanha(Spain) - Palma de Mallorca (Parte III)

                                                      A cidade dos Deck-Hands


                                     Como eu disse, tudo em palma foi muito intenso.

Entrei no aeroporto para voar para Amsterdam triste pelas muitas diferenças. Repassava na minha cabeça as vezes que olhava para ele com os amigos e via que tínhamos nos distanciado tanto e que realmente não tínhamos nada haver.  Mas depois no avião verde a caminho de Amsterdam olhando Palma ficando para trás a tristeza passou. Porque percebi que o carinho continuou. Ele se esforçou muito para, do jeito dele, fazer com que eu me divertisse e levasse boas lembranças de Palma. Nem sempre funcionou, mas hoje eu olho para trás e só agradeço os momentos que ele mudou os planos para estar comigo.

Lembro de no meu último dia que nos despedimos e ele entrou no carro para ir fazer algum trabalho sei lá aonde. Então o horário do meu vôo mudou para mais tarde e eu não tinha celular com internet. Fui no bar do meu avô na esquina e só mandei uma mensagem falando o novo horário que eu sairia para o aeroporto. Ele não respondeu e minhas moedas acabaram. Fiquei meio sem saber o que fazer. Se andava, se ficava no hostel. Esperei um tempo e nada.
“Bem, ele não deve ter visto e não deve aparecer.” E quando estava saindo do hall do hostel para dar uma última volta vejo um ponto loiro correndo na minha direção. Era ele esbaforido falando que tinha acabado de ver a mensagem e que desceu do carro e veio correndo porque o trânsito estava ruim e se pegasse um táxi não chegaria a tempo.”
E saímos para passear por mais umas horinhas e a moça da arpa estava pela rua de novo dando um show! Estendi a canga e ficamos fazendo nada deitados só conversando sobre a vida, nossos planos futuros. Foi uma bela despedida.


E são essas lembranças que hoje eu tenho comigo. Quando digo que amei ter ido parar naquela cidade, falo de coração.  Muitas coisas não foram como o esperado, mas depois eu pude ver que mesmo assim eu dei muita sorte. Se não fosse pelo Tom, eu não teria nunca conhecido Palma de Mallorca,



                         e não teria ganhado mais um pai e um avô. 


Não teria conhecido Cala Major e não teria pulado da pedra.




Não gargalharia sozinha até hoje lembrando de uma das cenas mais esquisitas que já vivenciei. 
O Tom me falava direto de um amigo brasileiro(marujo) que ele tinha conhecido  até que uma noite rodando pela cidade demos de cara com o tal brasileiro.

- Olha, Camila! Esse é o brasileiro que eu te falei!
E me apresentou. Comecei a misturar português e inglês na empolgação de ver outro brasileiro e o cara não curtiu não! Só respondia em inglês, evitava olhar para a minha cara ao máximo e evitava falar comigo como se não quisesse que eu puxasse qualquer papo. Que esquisito e anti-social! O Tom sem perceber nada para variar falou “Aí fulano, aproveita para botar o português em dia!”
Até que ele respondeu sério para o Tom sem olhar para mim
-É que eu não falo Português
Eu e o Tom arregalamos os olhos
-Não?! Ué, você não é brasileiro?”
- Sou...
Ele ficava cada vez mais sem jeito e eu não estava entendendo bosta nenhuma. Como assim um brasileiro que não falava português?
- Você fala o quê então? Tom perguntou
- É que eu falo........(longa pausa).... Tupiguarani.

Juro! Ele respondeu que falava Tupiguarani.

- O que é isso? Tem outra língua no Brasil? Nunca tinha escutado falar! o Tom perguntava olhando para nós dois enquanto eu não conseguia fechar a boca escancarada pasma.

- TUPIGUARANI??????????? É SÉRIO ISSO?

E ele fez que sim com a cabeça bem sério e começou a explicação para o Tom
- É uma língua indígena. Poucos ainda falam.
Falava sério, convicto e me convenceu.
- Really?! Você conhece essa língua, Camila?
- Sim, existiu mesmo.. mas eu nunca tinha conhecido ninguém que falasse! Que bizarro!! Fala aí alguma coisa em Tupiguaraní, por favor!
E ele ainda sem graça começou a falar em inglês
- Ah, tem varias palavras... tapioca... tocaia...”
- Ahh Itacoatiara, Itaipu também! – Falei empolgada
- Iiiiisso!!! Itaipuu, isso mesmo!”

Eu tava era achando aquilo muito bizarro, mas bem.. tínhamos que seguir para a casa de uns amigos do tom e nos despedimos.
Mais tarde na festinha na casa desses amigos o tupiguarani apareceu de novo e no fim da noite sentou do meu lado no sofá e falou baixinho em português olhando para a frente
- Eu falo português sim.
Caralho! Que susto! Aí que eu não entendi nada mesmo!
Mas tava engraçado demais! Comecei a gargalhar
- Eu sabiiia que tava estranha demais essa história!!!!!!!!!!!!!! E continuei rindo muito
- Xii, fala baixo. Não quero que ninguém saiba. Tive uns problemas aí quando me juntei com brasileiros e aí... agora to trabalhando em uma empresa e não posso dar mole então não falo para ninguém que sou brasileiro.
- Ta trabalhando pra máfia, cassete ?! - Falei rindo
- É, tipo isso mesmo. É uma empresa Russa.
A gargalhada parou na hora e me engasgei com a cerveja cuspindo tudo. Por que que eu fui brincar.
- Ahh você ta brincando! – dei um tapinha no ombro dele rindo.
- Não estou não. É sério. Mas ninguém sabe.
“Puta que pariu, por que que eu fui perguntar¿”
Ele precisava desabafar logo comigo?! E ele tava tão empolgado de falar português que parecia que daqui a pouco ia estar me contando até detalhes dessa empresa aí e eu já comecei a mirabolar um jeito de sair dali.

Enquanto isso o Tom parou na nossa frente.
-Ual, Camila! Você também fala "toupiguaran"?
O brasileiro arregalou os olhos e eu me segurando para não gargalhar pensei em algo bem triste e falei séria:
- Falo sim, Tom!
- Caraca! Que maneiro!!! Depois me ensina umas palavras!
- Claro.

Hahahah.. que cena! Que noite engraçada!

Realmente aquela agitação era o estilo de vida dele naquele momento. A incerteza de cada dia da vida de marinheiro também. E ele estava feliz lá em Palma. Estava cercado de pessoas que pareciam gostar muito dele. E eu estava feliz por ele.

 E não seria eu que faria ele de repente resolver se interessar mais pela cultura, por voltar a fazer programas saudáveis( como ele fazia no Peru que acordava às 5h para surfar enquanto eu chegava de um lual) ou por qualquer outra coisa. 

Até poderia ser, se tivéssemos mais tempo. Mas, mais uma vez, não dava tempo. Conversei com ele sobre o que ele estava perdendo e falei que daqui a pouco ele iria embora sem saber nada do lugar onde esteve por tanto tempo e que isso seria um desperdício. 

Perguntei o que tinha acontecido com aquele cara que no Perú amava espanhol e que andava o dia inteiro com um livro de espanhol no bolso e me fazia passar horas explicando palavras e frases e forçando ele a praticar. Ele não deveria deixar isso de lado.
 



Bom, a minha conclusão depois de 5 dias lá foi que fiquei  feliz por ter ido. Botando na balança as mil emoções, surpresas boas e ruins, as brigas e as conversas, desentendimentos e os entendimentos, o saldo ficou positivo.

 Entre eu e o Tom, para os muitos que sempre me perguntam, não aconteceu nada além de grandes abraços de amigos. Um beijo de despedida no meu último dia que acho que foi mais só para confirmar mesmo que não tínhamos mais haver. E não tínhamos mesmo. Isso sim deu tempo de confirmar.


Eu sabia os motivos que me faziam olhar para ele de outra forma e realmente não queria que ele tentasse nada, mas eu fui embora sem saber bem os motivos dele ou porque ele não tinha tentado nada. Enquanto eu estava em Paris conversamos bastante e eu perguntei o que aconteceu da parte dele e ele me respondeu:


-Cami, você só estaria aqui por alguns dias e então seguiria sua viagem e depois voltaria para o Brasil. Eu não podia me deixar sentir de novo o que eu já senti por você.

E ele estava certo. Acho que inconscientemente eu fiz a mesma coisa
.
Nossa história tinha chegado ao fim. E segui para Amsterdam me sentindo leve como uma pluma! Eu nem precisava mais do avião para me sentir nos ares, sentia que podia ir sozinha voando até a Holanda.


E não deu outra. Dois dias depois da minha partida a despedida no pub da vez era a dele. Seguiu por muitos meses no Iate fazendo toda a costa do Sul da França e da Espanha e me mandava fotos nos mais diferentes lugares, e não só com gringos. Me enviou uma foto inclusive todo vestido tipicamente pronto para participar da corrida do touro na Espanha que eu adorei. Eu considerei como um “Viu, agora estou vivendo a cultura Espanhola”. Dá-lhe, Tom! É isso aí!


Bem.. emoções a parte, Amsterdam, Elena e Yulya me esperavam! E aquele aeroporto gigante quase me ferrou de novo  e quase me fez perder o vôo. Só não perdi porque meu vôo atrasou duas horas(por pura sorte). Mas mesmo assim, esse aeroporto infinito do mal e Palma de Mallorca podem me aguardar porque estão como prioridade na minha lista de lugares para voltar.



Obrigado pelo tempo, pelo surf na piscina, pela bicicleta emprestada para os passeios, pela minha recepção e pela conversa no Iate, Tom.
Vá sempre fundo e continue assim determinado e corajoso que esse mundão é seu. Com muito amor e boas lembranças,

Cami.