Entrei na sessão de psicanálise me fazendo milhões de perguntas e
pensando que era bipolar e saí percebendo o quão mais fundo era o buraco e que
de bipolaridade esse buraco não tinha nada. Que alívio!
Conhecidos brincam perguntando o motivo deu fazer psicanálise, se
faço por ser meio louca ou se por falta de ter com quem conversar. “Afinal,
Camila, por que motivo você faz psicanálise?”.
E eu respondo:
A minha sessão é o momento para eu parar para pensar no que estou
fazendo, sair do botão automático e realmente refletir e analisar os passos que
ando dando. Analiso para que direção eles são dados, se ando mais para frente
ou para trás, se estou no caminho certo. Reflito sobre minhas atitudes, o que
elas me trazem de bom ou ruim e quais delas eu quero que permaneçam e percutam
e quais não. E aconselho quem puder a fazer, pois é muito bom. Com a
psicanálise eu percebi o quanto eu queria compartilhar minhas idéias, o quanto
eu amava escrever, desenhar, usar a criatividade. Não que eu nunca tivesse
reparado, mas nunca tinha dado a devida atenção, por sempre estar ligada no
botão automático. Sim, botão automático que eu digo é estudar, passar no
vestibular, começar a faculdade, estudar, fazer a prova, estagiar, estudar, me formar e
trabalhar e por aí vai..
De uns meses para cá eu comecei a dar atenção
àqueles detalhezinhos que estavam faltando no dia-a-dia, sabe?
Analisarmos o que fazemos é muito bom, mas trás consigo responsabilidade
também. Novos horizontes são abertos que, trabalhados e analisados da maneira
certa, te abrem milhões de novos caminhos a seguir. Novas idéias, novas opções
de futuro, novos estilos de vida, muitas coisas que podem mudar totalmente a
nossa vida e nos revolucionar por completo. E por nos mostrarem mais
opções, mais caminhos, também nos deixam com mais dúvidas. Além de que trás à
tona também nossas dificuldades, nossos problemas, nossos traumas e nossos
bloqueios. Isso é bom? Sim, muito, mas se trabalhado da maneira correta e se
soubermos lidar com aquilo de novo que estamos descobrindo. Tem dia que saio
sorrindo aliviada, noutros saio mais confusa. É tudo uma questão de calma para
analisar o que foi dito e escutado.
É o momento que nós não só escutamos como
também ouvimos e prestamos atenção ao que nós mesmos estamos dizendo. Aquele
momento que paramos para pensar “Por quê eu disse isso, por quê eu penso isso?”
E aí descobrimos que os buracos são, na maioria das vezes, mais embaixo. Meu
buraco foi achar que era bipolar porque mudava de idéia a todo tempo
em relação ao meu futuro. Mas saí podendo ver que essa oscilação de pensamentos
é, na verdade, uma mistura de medo com vontade de fazer. Mas medo de quê? Medo
de arriscar. Vontade de quê? De sair do estilo de vida automático ao que fui
imposta, de sair do padrão.
Com certeza não sou a única
que não gosta das matérias que faz na faculdade e está terminando um curso
que não gosta para pegar um diploma que provavelmente nem vai usar. E para quê?
Quando eu penso na resposta a única coisa que ecoa na minha cabeça é: medo.
Mas... 80% pelo menos dos universitários têm o seu momento de desespero. Então qual a
diferença entre os que mesmo assim terminam o curso e trabalham na área e os que não?
Falta de opção? Pode ser, mas só isso? Acho que não.
Será que tudo se resume a
esse medo de arriscar, medo de não andar na linha?
Afinal, a partir do
momento que nos arriscamos a fazer algo diferente estamos saindo da nossa área
de conforto, de apoio e suporte. E é totalmente por nossa conta, não vamos ter
ninguém para culpar. Se der errado vamos ter que ouvir aquela famosa frase “eu
te avisei” e não vamos poder discordar, não é?
Analisando eu percebi que o que eu quero na verdade é ficar aliviada. É ter a sensação de ter terminado o que comecei e de não ter
decepcionado ninguém. Esse é o verdadeiro, um dos maiores medos. Decepcionar, não é?
Nem todos têm a sorte de terem pais mente aberta que apóiam nossas
idéias mesmo quando elas não estão de acordo com o padrão de vida social. E aí, o que fazemos se para os nossos pais/responsáveis nossos planos ou sonhos para o futuro são uma piada? A gente senta e chora?!
Eu,
por exemplo, cresci com aquela “praga de mãe”, e com meus pais achando qualquer idéia minha que não fosse relacionada aos estudos uma piada.
Sabe quando fazemos algo que nossa mãe desaprova e ela fala aquela
famosa frase “eu te avisei!”? Hoje me dá calafrios! E descobri meu enorme medo dessa
frase, do que ela trás consigo, ou dessa praga!
Afinal, se eu não me formo em
veterinária e acabo mal de vida o que mais vai me doer, além da decepção comigo
mesma, será essa frase “eu te avisei”. Agora,
se eu me formo, não uso o diploma para nada e me dou bem na vida aí já não
corro esse risco, porque quem vai dizer “eu te avisei que ficaria bem sem ser
veterinária e sem fazer concurso publico como você tanto quis que eu fizesse”
vou ser eu.
O difícil é não poder prever o futuro, não poder saber o que vai
se suceder e o que cada um vai dizer. Então o que fazemos? Vamos pelo certo ou arriscamos o incerto?
Meu sonho é rodar o mundo, morar em milhares de países diferentes, aprender sobre suas culturas, mesmo que eu não trabalhe na minha área. É ficar anos rodando por aí, indo para onde o coração chamar. E ao encontrar o meu lugar nesse mundo, quem sabe abrir um hostel, ou um restaurante com arte? Morar em uma casinha simples perto da praia. Agora me diz.. que pais concordariam com isso? E por que só o fato deles não concordarem por só verem o lado negativo me deixa morrendo de medo e cheia de insegurança, achando que nunca vai dar certo?
Se eu sigo meu sonho, os decepciono. Se não sigo, me decepciono.
E aí? O que fazemos?
Até que ponto nos decepcionamos para não ter que decepcionar aos outros?
Resumindo.. por quê eu não consigo andar na linha?
É algo, é algo..
I went into psychoanalysis session making me millions of questions and thinking I was bipolar or something like that and I left the session realizing how deeper the hole was and that of bipolar this hole had nothing. I can say it was a relief!
Sorry, i mean.. "the hole is lower" is a Braziliam expression for "the problem is bigger than i thought"
Friends of mine make jokes wondering why do psychoanalysis, if I do cause I am a little crazy or a failure to have someone to talk. "After all, Camila, why you do psychoanalysis? '.
And I reply:
Well, my session is the time for me to stop and think about what I'm doing, leave the automatic button and really reflect and analyze the steps I've been giving. Analyze to what direction they are given, if I walk more forward or backward, if I am on the right track.
I reflect on my actions, what they bring me good or bad and which ones I want to keep and which ones i do not. I advise who has the chance to do it, should do it definately, because it is very good. With psychoanalysis I realized how much I wanted to share my ideas, how much I loved to write, draw, use creativity. Not that I had never noticed, but had never given due attention, for always being turned on automatic button. Yes, I say that automatic button is to study, pass the entrance exam, starting university, study, take more exams, internship, study, graduate and work and so on ..
A few months ago I started to pay attention to those little details that were missing in the day-to-day, you know?
Analyzing what we do is very good, but also brings with it responsibility. With new horizons opened, analyzed and worked out the right way, you open up millions of new paths to follow. New ideas, new options for the future, new lifestyles, many things that can totally change your life and revolutionize altogether.
And by showing us more options and more ways, also leave us with more questions. Besides it also brings out our difficulties, our problems, our traumas and our "inside locks". Is that good? Yes, a lot, but if worked in a right way and if we learn how to deal with what we are discovering of new. There are days when I go out smiling and relieved, others I leave more confused. It's all a matter of calm to analyze what was said and heard.
It is time that we not only hear but also listen and pay attention to what we are telling ourselves. That moment you stop to think "Why did I say that, why I think that?"
And then we found that the holes are in most cases, lower. My hole was: thinking I was bipolar because I change my mind all the time about my future. But I left the session being able to see that my swing of thoughts is actually a mixture of fear with the mood to do. But fear of what? Fear of risk. Will of what? Leave the automatic lifestyle that I was imposed to, leave the default.
Surely I'm not the only one who does not like what studies in the university and that its completing a course that does not like to get a degree that will probably never use. And for what? When I think of the answer the only thing that echoes in my head is: fear.
But ... At least 80% of the students have their moment of despair. So what's the difference between those who still finish the course and end up working in the area and those who do not?
Lack of choice? Maybe, but only that? I do not think so.
Does this all boils down to fear of risk, fear of not walk the line?
After all, from the moment that we risk doing something different we're getting out of our comfort, help and support zones. And its totally on our own, we will not have anyone to blame. If it goes wrong we will have to hear that famous phrase "I told you" and we will not be able to disagree, right?
Analyzing I realized that what I really want is to be relieved. Have the feeling I have finished what I started and that i havent disappointed anyone. That's truly, one of the biggest fears. Disappointing, is not it?
Not all are lucky to have parents open mind that support our ideas even when these ideas do not conform to the pattern of social lifestyle. And then what we do if for our parents / guardians our plans or dreams for the future are a joke? We go sit and cry?!
I, for example, grew up with that "plague of the mother," and with my parents thinking any idea that was not related to my studies were a joke.
You know when we do something that our mother disapproves and than it goes wrong and she tells that famous phrase "I told you so!"? Today gives me chills! And I found out my huge fear of this sentence, and what that sentence brings with it, or of that pest!
After all, if I do not finish the Vet university and end with bad life conditions what will most hurt me, beyond disappointment with myself, is this phrase "I told you so." Now, if I form I do not use my degree for nothing and get along in life then i will not run that risk, because who will say "I told you I would be fine without veterinary degree or a public tender " will be me.
The hard part is not being able to predict the future, do not be able to know what will happen and what which person will say. So what do we do? Follow the right or we take the risk of the uncertain?
My dream is to run the world, living in thousands of different countries, learn about their cultures, even though I do not work in my area. Remain years running around, going where the heart tell me to go. And when I find my place in this world, maybe open a hostel, or a restaurant with art? Simple living in a small house near the beach. Now tell me .. what parents would agree with that? And why just the fact that they do not agree and see only the negative side leaves me terrified and full of insecurity, thinking that will never work?
If I follow my dream, i will disappoint them. If you do not follow it, I will disappoint myself.
And than? What do we do?
To what extent we can disappoint ourselves to avoid disappoint the others?
Summarizing. why i just can`t walk the line?
It's something, is something ..
