sexta-feira, 15 de novembro de 2013

SUÍÇA (Switzerland) - GENEBRA (Geneva) Parte II

                                              A capital da paz mais agitada do mundo



É muito difícil resumir tudo que eu vivi em Genebra.. Na verdade não só de Genebra em si, como em Ferney-Voltaire, a cidade francesa na divisa onde a casa da minha amiga Elena ficava. 
Não vivi só a cultura Suíça, mas também a Russa, Ucraniana, Alemã e muitas outras. 
                          It is, in fact, really hard to resume what i lived in Geneva. Not just in Geneva itself, but also in Ferney-Voltaire, the french city in the border where the house of Elena, my friend, stayed. I did not live just the Swiss culture, but also the Russian, Ukrainian, German cultures and a lot of others.


Quando saí do trem eu parecia ter mudado de país e até de continente. Muito mais pessoas circulando, entre eles vários viajantes com mochilões(Ufa!).. pessoas falando alto e andando apressados.
Mais expressões, mais risadas altas e mais calor humano! 
Foram dez dias ou mais intensos e quase sem parar, divididos entre o início da viagem e o final .. conhecendo milhões de coisas novas e muitas pessoas dos mais diferentes lugares.
                  Quem i left the train it seemed that i have moved of country and even of continent. A lot more people around, and between them a lot of backpackers (Whew!).. people talking in out loud voice and waking on a rush. More expressions, more loud laughs and more humam warmth! It was ten intense days or even more   and almoust without stopping, divided between the begining and the end of my european journey.... getting to know millions of new things and a lot of new people from the most different places.    


 Conheci inclusive muitos brasileiros pro que eu imaginava conhecer(zero), que foram morar em Genebra tendo família ou não. Falei mais portguês do que francês, inclusive.
Bem diferente de Zurique, Genebra era agitada, cheia de jovens com espírito de jovens mesmo.
Tinha mais turistas, mais pessoas diferentes. Me pareceu ser uma cidade muito mais aberta às diferenças e a receber quem vem de fora.
                           I even met, by the way, too many brazilians for what it was expeecting (zero) that moved to Geneva having family there or not. I spoke more portuguese than french, by the way.
Quite different from Zurich, Geneva was stirred, full of young people with true young spirit.
There was more tourists, more different people everywhere. It seemed to me a city much more open to the differences and to receive who comes from far.

A cidade das flores, dos jardins, da vida, do agito, do dia e da noite onde as decisões mais difíceis durante minha estadia eram por qual queijo começar.
                                     The city of the flowers, of the gardens, a shaked city. The city of the day and also of the nightlyfe where the most difficult decisions i had to make while staying there were by which cheese I should start.

(e era difícil decidir! heheh)
(And it was hard to make a decision! hahah)

Mas calma aí! Não foi tudo tão lindo assim no meu primeiro dia. Chegamos na casa dela e me deparei com um mastro de pole dance no meio da sala... não imaginava a Elena que conheci fazendo pole dance, mas ok.. vamos lá.  Saímos para um bar com amigos da Elena e já emendamos em uma boate(logo eu que nunca fui de noitada e sempre preferi um chorinho com amigos na Lapa). Na boate todos se acabavam, dançavam até não poder mais. Se agarravam e desagarravam, trocavam de par e se agarravam de novo. Uns pegavam pesado mesmo! Eu só arregalava os olhos.
                                     

Opa! Peraí! Muita calma nessa hora! Me assustei! Muito de uma só vez para uma humilde mochileira brasileira. Logo brasileira... do país que é "famoso" pelo fio-dental mas já um topless... Peraí que já é demais!
Não é engraçado isso? Temos uma imagem de "país da putaria"(desculpa a palavra) pelo mundo mas se alguém faz um topless na praia já gera mal olhares e reprovação.

Eu pensava nisso enquanto lá ia Elena com roupas minúsculas subir no balcão do bar para dançar e rebolar sem estar nem aí para quem pensasse qualquer coisa dela. Toda hora vinha a imagem dos meus pais na cabeça imaginando que eu estaria tranquila, passeando pela cidade.. e lá eu estava naquele clube louco!
Fiquei com medo do "cronograma" que ela tinha feito para a minha visita fosse todo nesse ritmo e comecei a me arrepender.
"Ai meu deuss! O que estou fazendo aqui?! Cadê a Elena que conheci na Bolívia que mal sabia rebolar e que era famosa por ser meiga e apaixonada pela natureza e animais?!"

Mas não tinha jeito. A Elena tinha mudado mesmo. E então, o que eu ia fazer? Ir embora? Ficar de cara emburrada? Não.. isso nunca combinou comigo. Dei mais uns goles na cerveja e entrei na dança(claro que não na mesma intensidade dela hahah).
"Vamos ver no que vai dar."
 Ela estava me recebendo de braços abertos e eu que não ia ser ignorante a ponto de desistir de tudo em uma noite... esperei para ver o que ia acontecer no dia seguinte.

Para minha surpresa no dia seguinte acordei com o café-da-manhã pronto, recadinhos fofos pela casa me dizendo para comer e ficar pronta que ela já voltava para irmos passear. Chegou do trabalho de  roupa social (oposto da noite anterior) e eu fiquei pasma como ela nem de longe parecia a dançarina da boate. Jogou a pasta no sofá, abriu o maior sorriso do mundo e tudo voltou ao normal e lá estava a Elena que eu conheci na Bolívia de novo.

"Vamos, vamos! Agora estou oficialmente de férias e tenho muuitas coisas para te mostrar!"
E ela me surpreendeu. Nosso tour foi lindo! Saí de Genebra triste e com muita vontade de voltar...

La vivi de tudo um pouco. Do contato total com aquela natureza totalmente diferente da tropical, dos passeios de longas caminhadas pelas ruas da cidade da parte nova à antiga com minha amiga me contando a história da cidade e do país, das aventuras pelo interior da Suíça nos perdendo no meio de nevascas pelos Alpes, de banhos em lagos até as noites mais loucas em clubes de noites latinas onde de tudo acontecia.

Conheci desde a sede da ONU


(onde em frente havia um monumento enorme que era uma cadeira com perna quebrada, que me contou Elena que era uma manifestação contra a fabricação de minas terrestres e representava os inválidos da guerra) e conheci também desde a "Wall Street" suíça até a o mini cafe bar escondido em uma ruazinha de paralelepípedo atrás de uma fonte especializado em chás que parecia ter saído de um conto de fadas, ou direto de uma casa de bonecas onde parecia que o chapeleiro maluco ia sair de dentro do bule.

Sorri, ri, gargalhei e também chorei.

Os amigos da minha amiga nunca foram tanto os meus amigos e fui embora me sentindo parte do grupo.
Muitas perguntas, muitas respostas. Tanto da minha parte quanto da deles. Eu despertava curiosidade nas pessoas que conhecia, e era incrível como todos eram tão curiosos com o novo.

Intriguei muitos suíços contando sobre o brasil, sobre a nossa história e cultura e impressionei muitos ao dizer que Michel Teló não representava o Brasil, pelo menos não para mim. Mostrei vídeos, música e tudo que eu podia para naquele espaço de tempo ensinar tudo que dava do lugar de onde eu vim. 

Meu francês me decepcionou e eu depois dos primeiros dias já nem tentava entender mais porque até então só me dava dor de cabeça. Era tudo no inglês, mas fiquei feliz quando consegui entender algumas palavras e percebi que comentavam de mim falando o quanto eu era inteligente e o quanto eles tinham para aprender comigo sobre o Brasil. Ganhei o respeito de muitos que mantinham aquela velha imagem do país ferrado do futebol e da caipirinha e fiz muitos desejarem muito conhecer esse nosso país doidinho, mais ainda sim lindo.

Não fui pouco bem recebida não, eu fui MARAVILHOSAMENTE BEM recebida! Com geladeira lotada de tudo que eu queria experimentar (e isso incluía uns 20 tipos diferentes de queijos, claro!) e até de coisas que eu nem sabia que existiam como um Danete de chocolate suíço com café e chantili que eu babo só de lembrar. Minha amiga estava tão feliz de me ver que tirou folga para passearmos muito e fez o cronograma. Fui mimada com direito a fondues e sobremesas russas que deixaram minha irmã morrendo de inveja.

(E vi que esse tal de fogão de mentirinha funcionava de verdade! rsrs)


(Montreux, Vevey, Chexbres merecem um detalhamento a parte e quando eu o fizer todo mundo vai entender o motivo)


Genebra era mais jovem e consequentemente agitadíssima com muitos carros na rua, buzinas e trânsito. Bem diferente de Zurique onde parecia que tudo era combinado( até a hora de cada um deveria sair de carro na rua). Elena com suas clássicas calças rasgadas e sempre sem sutiã cortou uns, atendeu celular dirigindo, uma hora andou um trecho na contra-mão e furou um sinal vermelho. 
"É, definitivamente não estou mais em Zurique!"  
Era até difícil acreditar que Elena e Manuele pertenciam ao mesmo país.

E era mais incrível ainda os dois mesmo tão diferentes terem feito em me sentir bem-vinda e em casa de duas maneiras totalmente opostas.

 

A estação é pequena, o aeroporto menor ainda! 
"Nem se compara com aquele monstro que vocês chamam de aeroporto no Rio" Disse Elena rindo lembrando de quando se perdeu no aeroporto Galeão sem meios de comunicação e me deu um puta trabalho para encontrar a menina suíça perdida com calças rasgadas!

 Tudo lá era pequeno e eu não entendia como uma cidade tão mundialmente famosa, a tal capital humanitária do mundo, capital da paz que abriga a sede da ONU, a Cruz Vermelha e mais de 190 organizações internacionais conseguia dar conta com tudo (principalmente com um único aeroporto) tão pequenininho.
"Logística, Camila.. Ótima logística" Ela me disse e então eu vi que a minha pergunta estava errada e que a dúvida certa seria "Por que o Brasil tem que fazer tudo "o maior" para achar que é "o melhor"? Ou.. "Por que as coisas no Rio de Janeiro são tão grandes?" Tudo bem que o Brasil é enorme..mas mesmo assim..!
 Eu detesto voar, levar pessoas para embarcar ou buscar quem chega do Galeão. Vive e mexe me confundo com onde entrar, se é para ir para a parte velha ou nova e sempre me atraso perdida pelos andares.
Sei lá, mas toda essa grandiosidade por aqui me assusta. Sempre gostei de coisas pequenas e mais simples, práticas e, principalmente, funcionais.. e isso com certeza puxei do meu pai.

MEU DEEEUSS, eu estava em Genebra!! Naquela cidade que tantas vezes vi em noticiários e tantas vezes ouvi falar.. A cidade origem da famosa Cruz-Vermelha!

"Ok Camila, agora pronta para mudar de país?"
Dez minutos de carro e estávamos em Ferney.  Nem vi a fronteira passar. Sem fiscalização, nadica de nada. Parecia que tínhamos cruzado apenas um bairro. E depois com mais dez minutos estávamos em Genebra de novo.

Uma coisa que me arrepiou lá, foi que de praticamente todos os lugares que eu fui (casa da Elena, de amigos, etc..) sempre quando estávamos indo embora eu olhava para trás estava a pessoa acenando e as montanhas lindas com picos nevados ao fundo. Parecia de propósito para deixar a despedida mais difícil.
Sempre aquelas montanhas ao fundo..














Como era difícil acreditar que eu estava ali, na casa daquela menina que conheci um caco na Bolívia.












Me senti em casa na hora e durante todo o tempo que estive lá de tão bem-vinda que ela fez eu me sentir!
Ela me pediu para não reparar que a casa não era grandes coisas..
Não era grande coisa? Parecia que ela não lembrava que tinha vindo ao Brasil um dia. 

Era linda, tudo que eu sonho em ter um dia para mim e que nunca seria possível bancar com a nossa idade aqui no Brasil sem ter feito faculdade alguma, só trabalhando como secretária ou algo assim.

 Outra realidade que às vezes me deixava pensativa e triste pensando nas quanto mais coisas e lugares eu poderia ter conhecido se tivesse nascido na Suiça. Mas tudo tem seu momento, tudo tem seus motivos! 
E eu sou feliz sendo brasileira, pois o Brasil que me fez quem eu sou. E aos poucos vou me jogando nesse mundo, como já dizia Moraes Moreira.



Era difícil acreditar que eu podia ser tão bem recebida por uma pessoa que eu conheci há pouco mais de um ano e que morava do outro lado do mundo. Mas dizem que passar perrengues juntos fortalece a amizade, e se for vendo dessa forma nossa amizade vai ser para vida.. porque o que passamos na Bolívia não foi pouca coisa não. (Mas isso fica para oooutra história).

O que importava era que a gente estava ali, direto dos mosquitos para o luxo.

Fomos, juntas, salvadoras de filhotes de pássaros machucados caídos no meio da rua,















(O pássaro está livre no banheiro, por favor tenha cuidado!)

 gordinhas tensas devorando os melhores cup-cakes da vida..                                                         
 

Fomos aventureiras pegando o carro e indo até a Itália só seguindo GPS para... tomar um Capuccino, maybe?!

 Fomos ousadas ultrapassando sinais de "estrada fechada"...
e inconsequentes andando perdidas por meio de nevascas.












Mas também fomos humildes a ponto de admitirmos termos errado, mas não deixando de sermos persistentes.. pois não desistimos até que encontramos o caminho certo e chegamos aonde queríamos: San Fedele - Itália.











Fomos malandrinhas pegando bonde sem ticket, sendo expulsas e subindo em outro.. e andamos, andamos muito.
Conheci o maior banco do mundo (de sentar, não de guardar dinheiro, como disse Elena).
(o maior banco do mundo)

E que cidade!!!!!!
                                 Não tinha uma esquina que não fosse linda e cheia de flores e árvores. Na parte nova, na antiga, no lago.. everywhere!
                                                                         





Bebedouros espalhados por toda a cidade e não sei se era psicológico mas a água parecia a melhor que eu já tinha tomado na vida!


Que centro lindo!
 Tulipas (que eu pensava que só ia ver tantas em Amsterdam, por ser famosa por isso) espalhadas por todos os lados, nos canteiros pelas ruas, nos bebedouros no centro das praças, nas portas e janelas das casas, na cestinha das bicicletas, pelo chão. Por todos os cantos! Flores, flores e mais flores colorindo a cidade que até agora, é a mais linda que eu já conheci.






"Mas.. peraí! E Paris?! Não?!"
Paris ainda não me conquistou. Mas Genebra.... (Não que Paris não seja bonita, mas bem.. eu peguei um tempo horrível e é tudo grande demais para mim!)
           






Já Genebra não... parece ter sido feita sob encomenda.

 E como eu queria que as pessoas que eu gosto pudessem ver essa cidade com os próprios olhos. Acho que é o que me incentiva a escrever.


Vivi nesses dias em Genebra coisas que nunca tinha imaginado. Abri a cabeça. Perdi preconceitos..
Aprendi a conviver com diferenças berrantes.
Ela, Elena.. com calça rasgada e sem sutiã  e que nas noite nas festas chamava atenção e arrasava corações e quando tinha vontade subia aonde quisesse para dançar.. assim que descia da bancada continuava um doce, amiga, preocupada e cuidadosa, apaixonada pela natureza e mais ainda pelos animais.



 me mostrou mais uma vez que uma roupa não diz absolutamente nada sobre quem você é.







No Brasil ela assustaria a muitos, com certeza! Até meus amigos, que assim que a conheceram quando ela ficou na minha casa a primeira coisa que falaram foi " Camila, ela sabe que o short está rasgado?" E ela sabia. Sempre soube.

"Camila, eu não ligo para roupas. Acho desperdício de dinheiro. E daí que meu short está rasgado na bunda? Ninguém tem bunda, então? Ninguém usa biquíni? Não entendo porque as pessoas valorizam tanto isso."

Elena ganha muito bem por sinal, mas não gastava um franco sequer com futilidades. A geladeira era lotada, a casa linda e bem localizada. O carro? Só usava nas folgas e era pequeno e suficiente para a levar aonde quisesse. Ela pedalava todo dia mais de uma hora para ir e mais uma para voltar do trabalho porque fazia ela se sentir bem.


E depois de tantos dias juntas eu me arrependi de a ter julgado pelas suas roupas ou pelo jeito que ela dançava no primeiro dia, pois vi que aquela menina de calças rasgadas está muito a frente do nosso tempo e que eu tinha muito a aprender com ela.  A dança não me assustava mais e voltei pro Brasil na verdade louca para fazer aulas de pole dance... heheh

Aprendi a apreciar a arte de dançar de uma forma diferente daqui do Brasil.

Mudei minha visão sobre pole dance. Entendi mais as muitas diferenças. Não é porque é sexy que é necessariamente vulgar... Assim como toda e qualquer dança!

Aprendi a apreciar a melhor forma de dançar: a de dançar simplesmente por dançar! Dá para entender?

Ser sexy lá era diferente de ser sexy aqui. Aqui no Brasil o "sexy" é muito mais julgado e pré-dispõe preconceitos. Porque aqui a maioria das meninas novinhas infelizmente tentam ser sexy quando têm  segundas intenções, para se sentirem valorizadas ou para chamarem a atenção de um cara qualquer..

Lá não.  Não.. nada disso!  Dançar era para matar a vontade de remexer mesmo! Ser sexy para nós mesmas, e não para os outros. Não passava de uma questão de auto-conhecimento e controle sobre o próprio corpo ao som de música. Total liberdade! Nenhum homem tentava se aproximar pois sabia que seria empurrado para longe por não respeitar o espaço delas... das dançarinas.
Dançávamos muito desde sozinhas em casa até nas festas mais lotadas e nos divertimos muito!


Dancei muito na Suíça e na Bélgica(quando nos juntamos com mais uma amiga da Bolívia) e voltei pro Brasil diferente. A música mexia muito mais comigo do que antes. O pé não conseguia ficar parado e independente do ritmo a vontade de dançar era quase impossível de segurar... mas após alguns puxões de orelhas das amigas brasileiras e reclamações do tipo "Camila, estão olhando para cá!" porque eu dançava diferente, tive que começar a entrar no nosso esquema de "dançar no seu quadrado" de novo... infelizmente.
Elas não entendiam o que eu tinha entendido e eu sabia que não seria uma conversa que iria as fazer entender... então percebi que o jeito era guardar para mim. Mas é só um reggaeton tocar que eu danço, mesmo que seja só dentro da minha cabeça.. lembrando de Genebra e Bruxelas.

Obrigada Elena, por ter aberto tanto a minha cabeça sem nem querer com sua espontaneidade.

Vous me manquez beaucoup ma chère!


A princípio eu ficaria em Genebra do dia 7 ao dia 15 de maio, e no dia 16 iríamos juntas para Amsterdam e em seguida Bruxelas. Depois então eu seguiria sozinha para Paris e Barcelona e deixaria os últimos dias de viagem livres para onde eu quisesse ir.. Portugal, Marrocos ou sei lá.

Mas com um e-mail tudo mudou. E na quinta-feira dia 9 comprei na pressa e paguei caro na última passagem disponível para um lugar que mal tinha escutado falar: Palma de Mallorca, uma ilha no Sul da Espanha.

Fiquei triste de deixar Genebra tão rápido e me separar de Elena na correria. Fiquei com vontade de voltar e acabei voltando depois de perder um vôo em Barcelona (mais e mais histórias) e passei minha última semana da viagem em Genebra.

Mas naquele momento, naquele dia eu precisava partir.
Para minha enorme surpresa finalmente depois de mais de um ano eu estava no mesmo continente, do mesmo lado do Oceano Atlântico de uma pessoa importante, e a princípio por apenas 3 dias.. então eu precisava correr.

Era hora do tão esperado reencontro... para entender, me despedir e colocar finalmente um ponto final em algo que se arrastava e desgastava desde La Paz, lááá na Bolívia.

Nervosismo, suando frio... Elena me levou às pressas para o aeroporto e enquanto entrava na área de embarque olhei para ela atrás me dando tchau e desejando sorte e bateu um frio na barriga com vontade de ficar. Entrei no avião e sentei, mas tudo o que eu pensava era
"Por favor, não decola!"
Mas não adianta.. o avião sempre decola me deixando na mão!

Palma de Mallorca.. aí vou eu, o que quer que você seja!
Torcia para pelo menos ser um lugar bonito....

E como era.









sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SUÍÇA (Switzerland) - GENEBRA (Geneva) Parte I

                                   A capital da paz mais agitada do mundo
                                                             The peace`s capital more busy of the world



Consegui pegar o trem para Genebra depois de meia-hora caminhando perdida com um mapa na mão entre as paradas da Zürich HB. Nem por qual porta eu devia entrar eu conseguia entender em alemão então eu parei em frente a primeira porta e fiquei ao lado de mais uns quatro suíços esperando a porta abrir para entrar.
I could take the train to Geneva after half-hour walking lost with a map in my hands between the Zurich HB stops. Not even by what which doors i should get inside the train i was able o understand in german so i stopped in front of the first door and remained there next to about four swiss people waitting the door to open to get in.


Mais uma vez um exemplo de educação. Diferente de Paris e claro, do Brasil, ninguém ficava se espremendo ou sufocando a porta contando os segundos para ela abrir para se espremerem e entrarem.. não importava o quão idoso fosse o indivíduo ou quão cansado estivesse e tivesse vontade louca de se sentar, todos deixavam a saída das portas dos trens, metrôs e bondes livres para que todas as pessoas (todas mesmo) saíssem antes do primeiro do lado de fora dar o primeiro passo para dentro, não importava o tempo que levasse ou se alguém andasse em câmera lenta.
Entrei, me encantei com o luxo e me sentei. Só tínhamos eu e mais um rapaz lendo jornal que me olhava de rabo de olho em todo o vagão. Ele estava elegantíssimo, super hiper mega bem-vestido e cheiroso, o que me fazia olhar para meu sapatinho velho de tecido esmurrado direto da Chapada dos Veadeiros e me sentir uma mendiga suada. Estranhei! Cadê todo mundo que estava lá fora esperando o trem?! Eu admito que imaginei ter entrado no vagão errado.. mas..  bem.. o assento era enorme(cabiam duas de mim, o que era ótimo porque meu mochilão era quase outra Camila), muito confortável e tinha uma mesa própria em frente.. dava para deitar e fazer o que eu quisesse e eu ia era ficar quietinha ali na esperança dos fiscais esquecerem aquele vagão.
Again an example of education. Unlike Paris and of course, Brazil, nobody was squeezing each other or suffocating the door counting the seconds for it to open and enter .. no matter how old the person was or how tired people were and had mad desire to sit,  they letf all the exit doors of the trains, subways and trams free for all people (all of it) come out before the first outside take the first step inside, no matter how long it took or if someone walked in slow motion.
I went in, I was charmed with the luxury and sat down. We had just me and another guy reading newspaper which looked at me with the corner of his eyes the whole wagon. He was very elegant, super well dressed and fragrant, which made me look for my old punched slipper straight from Chapada dos Veadeiros(in Brazil) and feel a sweaty beggar. It was strange! Where is everybody that was out there waiting for the train? I admit I imagined having entered the wrong wagon .. but .. well .. the seat was huge (could fit two of me, which was great because my backpack was almost another Camila), very comfortable and had a table in front of itself .. giving me enough space to lie down and do what I wanted. Me? For sure I was going to remain quiet there in the hope of the tax man forget that wagon.



Mas não deu outra, depois de meia-hora revezando entre escritas no caderninho de viagem, encaradas do vizinho elegante do corredor e olhadas pela janela  vendo Zurique sendo deixada para trás imaginando em qual daqueles pontinhos o Manuele estaria àquela hora, a porta se abriu do vagão anterior para o meu e eu consegui ser expulsa em seis línguas diferentes. Ual! Até ser expulsa era elegante daquele jeito e por aquele rapaz bonito. Primeiro o moço bonitinho de olhos azuis falou em alemão, quando viu que não entendi falou em francês (que eu entendi mas me fiz de desentendida), depois em italiano e nada.. eu só olhava com cara de paisagem esperando ele desistir. "Moço, olhe para mim..sou turista, de um país onde mal existem assentos nos trens e muito menos de primeira classe, me deixe quietinha aqui!" era o que eu pensava mas ele insistia agora em inglês.. foi mais difícil ainda ignorar mais continuei fazendo cara de burra.. vai que dava certo..  mas não, emendou em outra língua (que eu não fazia ideia de qual era até ir para a Holanda e perceber que era holandês) e por último espanhol.
But there was no way out. A after half an hour alternating between writing in my travel little book, looks from the hallway and elegant neighbor and looks for Zurich through the window being left behind wondering in which of those little dots  Manuele would be at that time , the door to my wagon opened  and I got kicked out in six different languages ​​. Wow ! Even be expelled was elegant that way and by that cute boy. First the cute boy with blue eyes spoke in German , when he saw that I did not understand he spoke in French (which I did understand but pretended that i didn`t ) , than Italian and nothing .. I just stared with poker face waiting for him to give up.
 "Mister, look at me .. I'm a tourist, from a country where there are bad seats on the trains(when there are seats, actually) and much less exists first class.. just leave me here! " was what I thought but he insisted now in english .. was harder to ignore but i kept doing dumb face(maybe that would work out). Than he said in another language (that I had no idea what it was until I went to Holland and realized it was Dutch) and finally Spanish.


Eu fiquei tão admirada do simples funcionário do trem falar tantas línguas que ele ganhou o meu respeito. Desisti e falei em francês tentando ser o mais simpática possível "ok, moço.. desculpa..entendi.. para onde vou?"
               I was so admired by the fact that a simple train worker could speak so many languages that he won my respect. I gave up and i spoke in french trying to be the most friendly as possible "ok, my friend.. I am sorry.. i got it.. to where should i go?"


Quando ele se deu conta que eu tinha entendido desde a segunda língua e deixei ele falando todas as outras acho que ele não curtiu muito não, mas a essa altura eu já tinha arrumado tudo e saído correndo com meu mochilão.
When he realized that i had understood since the second language and i left him speaking all the other languages he didn`t like at all, but by that my things were already packed and i had left running with my backpack.



A classe econômica era como o esperado com assentos menores e mais coladinhos mas gostei de viajar com mais gente ao meu redor.. por mais silenciosos que todos fossem.. eu me perdia reparando em cada detalhe de cada pessoa ao alcance dos meus olhos. Sentei do lado de uma menina que parecia peruana que usava o celular que carregava na tomada do lado do banco (Sim! Trem com tomadas ao lado de cada banco! Fiquei pasma.. era a minha segunda maior surpresa depois do fogão que esquenta sem fogo que parecia desenhado.. tipo aqueles de Barbie, de mentirinha, sabe?).
                               The economy class was as expected with smaller and more bonded seats but I enjoyed traveling with more people around me .. even with everyone being so quiet .. I lost myself noticing every detail of every person within reach of my eyes . I sat beside a girl who seemed Peruvian who used the cellphone that was charging in a plug side of the bank ( Yes! Train with plugs for electronic stuff beside each seat! .. I was amazed and it was my second biggest surprise after the stove that heats without fire that seemed to be fake .. those like Barbie style, you know .)


                     Depois de perguntar umas cinco vezes para a menina (que depois descobri que a família realmente era peruana mas eles tinham ido morar na Suiça há muitos anos.. (sortudinha)) aonde eu tinha que descer só para confirmar, comecei a relaxar e aproveitar a paisagem.. afinal.. eu teria ali por três horas e quarenta e cinco minutos um resumo da Suíça de Norte a Sul.
                                                      After asking about five times to the girl next to me(that later i found out was actually peruvian) where i was supposed to get off the train just to confirm, i started to relax and enjoy the landscape on the way... afterall, i would have at that moment for three hours and fourty-five minutes a resume of Switzerland from North to South


             (Não que esse  tenha sido exatamente o trajeto do trem, até porque tenho quase certeza que ele passou por Bern porque eu lembro de rir lembrando de berne.. aquela larvinha nojenta de mosca que estudamos na faculdade..)
                       (Not that this was exactly the path of the train, even cause Im almoust sure that it passed by Bern cause i remember that i laughed remembering of "Berne", how its called in Portuguese the name of the desgusting fly which i studied in the veterinary university)


3h45 para cruzar um país.. eu não cansava de ficar surpresa com isso..
3h45 é muitas vezes o que eu levo só na Avenida Brasil para chegar da minha faculdade à minha casa quando vou passar o final de semana em casa.. e ali.. no mesmo tempo que no Brasil só me estressa e não me acrescenta em nada, na Suíça eu ia cortar o país e passar por muitos estilos de vida.. iria mudar não só da língua alemã, como passaria pela "suíça-alemã" e terminaria na francesa, sem contar toda a mudança da cultura..
Incrível, né?
                        3:45 hours to cross a country .. I never got tired of being surprised by this ..
3:45 hours is often what it takes me only in Brasil Avenue(a really busy road that cross basically the entire city of Rio de Janeiro) to get home from my university when I'm going home for spending the weekend .. and there .. at the same break of time that in Brazil only stresses me and do not adds me at all, in Switzerland I would cut the country and go through many lifestyles .. would change not only the German language, as i would pass through the "Swiss-German" and i would end in French, not counting also the change of cultures..
            Amazing, right?

Passei por tantos, mas muitos vilarejos.. ali, com pouquíssimas casas espalhadas pelo meio do nada e longe das cidades grandes como Zurique e mais distante ainda do estilo brasileiro. Pela primeira vez eu estava vendo aquele estilo de vida do interior europeu.. vazio, mas gostoso.. quieto demais e ao mesmo tempo  tranquilizante.
                                I went through so many villages .. there, with very few houses scattered through the middle of nowhere and far from big cities like Zurich and farther still from the Brazilian style. For the first time I was seeing the lifestyle of European inland .. empty, but yummy .. too quiet while reassuring.


As notificações do trem passaram de alemão para francês e eu entendia tudo! Foi mágico! Acho que nunca entendi francês tão bem quanto naquele trem.. só de ter saído do alemão acho que meu psicológico já achou tudo mais fácil..
E a alegria?! De saber que estava chegando.. para mais um sorriso e um abraço apertado de saudade!
Elena, uma grande amiga que conheci fazendo trabalho voluntário na Bolívia e que ficou na minha casa no Brasil.. estava lá na chegada com uma bandeira Suíça na mão contando os minutos para me receber.
                              The train notifications  passed from German to French and I understood everything! It was magical! I guess I never understood French as well as on that train .. i think that just because i had just left  from the German area  my psychological found it easier ..
And the joy! To know that i was arriving.. for one more smile and a tight hug of a big friend!
Elena, a great friend who I met doing volunteer work in Bolivia, which was at my house in Brazil .. was there on arrival with a Swiss flag in hand counting the minutes to also give me a huge hug.


"Camila, quero muito conhecer o Brasil.. sou louca para ir lá! Vou ficar na sua casa! E você tem que ir na Suíça, lá é lindo! Você vai amar! Quando você for vou te levar no meu lugar preferido em Montreux com a vista linda pro lago com as montanhas com os picos nevados ao fundo que sempre paro para ficar olhando..." e ela continuava falando milhões de nomes em francês que eu não entendia ou estava exausta demais para absorver tudo.
Quase chegando e enquanto olhava pela janela lembrei dela me falando tudo isso em uma das noites de folga do trabalho voluntário em um pé sujo em Santa Maria, um vilarejo ferrado da Bolívia onde tudo em volta era calor e poeira.. nós duas muito cansadas de um dia de trabalho, que fomos engolidas por mosquitos, sujas de poeira, e fedidas de água salobra com unhas quase pretas de barro.
Eu concordava mas imaginava que aquilo nunca iria acontecer.. Não sei.. eu olhava em volta tanta pobreza naquele vilarejo ao qual eu já estava costumada depois de quase um mês de trabalho voluntário.. que eu imaginava sim, o lago, as montanhas.. mas não consegui me dar ao luxo de me imaginar vivendo tudo aquilo.
E mais uma vez eu estava errada..
Ali eu estava indo em direção a mais um encontro tão lindo quanto ela descreveu naquele dia...em Genebra.

                       " Camila , I really want to know Brazil .. I'm dying to go there ! 'll Stay at your place ! And you have to go to Switzerland! Its beaitiful! You 'll Love it! When Im gonna take you in my favorite place in Montreux with a beautiful view of the lake with mountains in the background with snowy peaks that I always stop to apreciate ... " and she kept talking millions of names in French that I did not understand or was too exhausted to absorb everything .
Almost arriving and while looking through the window I remembered her telling me all this in one of the nights off from volunteering in a dirty bar in Santa Maria , one of Bolivia`s fucked up village where everything around was heat and dust .. we both very tired from a day of work , we were swallowed by mosquitoes , dirty , full of dust and smelling weird because of the brackish water and with almost black nails from the clay .
I was agreeing with everything that she was saying, yes.. Switzerland sounded a really nice place. But i imagined that it would never happen .. I do not know .. I looked around and there was so much poverty in that village to which I was used to after almost a month of volunteer work .. I did imagine the lake, the mountains .. but I could not afford the luxury of imagining myself living that moment .
And once again I was wrong ..
There I was heading toward another meeting as beautiful as she described that day ... in Geneva .


Como seria? O que a gente ia fazer? Para onde ela ia me levar?
Eu não fazia idéia do que me esperava.. não pesquisei no mapa antes de embarcar, não procurei fotos.. nada disso.. deixei solto e fiquei aberta a qualquer coisa que fosse acontecer.
E aconteceu! E os picos nevados estavam lá, assim como imaginei um ano atrás.

How would it be? What would we do? Where she would take me?
I had no idea what awaited for me .. i did not research anything on the map before embarking. Not even photos.
I was simply free and i was open to anything that could happen
And indeed happened!
 And the snowy peaks were there, just like i imagined a year behind.